Dólar fecha em leve alta com cautela externa por Fed
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta contra o real nesta terça-feira, depois de cair mais cedo, com o mercado mais conservador à espera de sinais da política monetária norte-americana e em dia de noticiário agitado em Brasília.
A cautela gerada pela instalação da CPI da Covid no Senado nesta terça, que confirmou o desenho desfavorável ao governo nos postos-chave da comissão, e por mudanças no quadro do Ministério da Economia foi em parte compensada por novas declarações sobre retomada da agenda reformista, com chance de a reforma administrativa ser aprovada ainda neste ano pelo Congresso.
Ao longo da tarde, porém, o exterior acabou pesando mais. Moedas de perfil semelhante ao real aceleraram as perdas conforme os rendimentos dos Treasuries de dez anos ampliaram a alta e bateram máximas intradiárias. Em teoria, quanto mais elevados os "yields", mais atrativo se torna investir no dólar.
No fim do dia, o dólar spot subiu 0,25%, a 5,4625 reais na venda. A moeda oscilou entre 5,468 reais (+0,35%) e 5,4107 reais (-0,70%).
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais rondava estabilidade. Numa lista ampla de divisas, alguns dos principais pares do real --peso mexicano (-1%), peso colombiano (-0,6%) e rand sul-africano (também -0,6%)-- encabeçavam as perdas, seguidos pelos dólares australiano e neozelandês, considerados termômetros de demanda por risco.
O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) começou nesta terça reunião de dois dias para debater sua política monetária, com a divulgação de seu comunicado na quarta-feira. A força da retomada econômica dos EUA tem amparado expectativas de aumento de inflação, combinação que tem alimentado dúvidas sobre a manutenção de estímulos pelo Fed.
Esses estímulos aumentam a liquidez, que potencialmente flui para mercados emergentes, como o Brasil.
Mesmo com a alta desta terça, o dólar segue abaixo de patamares próximos de 5,80 reais alcançados semanas atrás, com a queda se dando em parte pelas expectativas em torno do aperto monetário por aqui --na próxima semana será a vez de o BC brasileiro deliberar sobre os juros.
Rafael Fernandes, sócio da RIVA Investimentos, ainda vê o real com tendência de valorização nos próximos meses, com o ajuste na política monetária estimulando fluxo de capital.
"Somado a isso, temos exportações de commodities em patamares recordes e, como consequência, entrada de moeda estrangeira no país. A melhora no quadro político também fortalece a visão de apreciação do real, uma vez que gera maior segurança para o investidor externo trazer capital para o país", afirmou.
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