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Brito, 'arquiteto' da AB Inbev, passará cargo de CEO a chefe da América do Norte

Carlos Brito, presidente da AB Inbev - Francois Lenoir/Reuters
Carlos Brito, presidente da AB Inbev Imagem: Francois Lenoir/Reuters

Philip Blenkinsop

06/05/2021 09h07

Carlos Brito, que transformou a Anheuser-Busch InBev na maior cervejaria do mundo ocupando o seu comando durante 15 anos, deixará o cargo de presidente-executivo em julho e será substituído pelo chefe do grupo na América do Norte, conforma companhia muda o foco das aquisições para o aumento das vendas.

A cervejaria de marcas como Budweiser, Corona e Stella Artois disse hoje que seu conselho elegeu por unanimidade Michel Doukeris, o ex-chefe de vendas, para suceder o brasileiro Brito a partir de 1º de julho.

O presidente do conselho de administração da AB Inbev, Martin Barrington disse que a experiência de Doukeris em marcas, consumidores e inovação significa que o empresário de 48 anos é ideal para a próxima fase da empresa.

Essa fase poderia ser mais focada em promover as vendas de mais de 500 marcas do que em aquisições em um mercado cervejeiro já concentrado.

"Isso não deve ser um choque para os investidores ... Michel foi o principal candidato interno", disse Trevor Stirling, analista de bebidas da Bernstein Securities, acrescentando que Doukeris tem um histórico impressionante, principalmente na China e na Ásia-Pacífico.

Brito, hoje com 61 anos, chegou quando a cervejaria se chamava InBev, resultado da fusão em 2004 entre a belga Interbrew e a brasileira AmBev, que ele chefiava.

Durante sua gestão, a empresa assumiu o controle da Anheuser-Busch em 2008, acrescentou o Grupo Modelo do México e em 2016 gastou mais de 100 bilhões de dólares na SABMiller, então a segunda maior cervejaria do mundo.

"Brito foi o arquiteto que liderou e transformou a AB InBev na empresa líder mundial de cerveja e uma empresa líder global de bens de consumo embalados, integrando com maestria os muitos negócios que compõem a AB InBev hoje", disse Barrington.

Forte recuperação

A empresa relatou separadamente lucro no primeiro trimestre acima das expectativas, mesmo com bloqueios fechando a hotelaria em grande parte da Europa e uma proibição de vendas de álcool por um mês na África do Sul.

As vendas de cerveja aumentaram 64% na Ásia-Pacífico, um ano depois do bloqueio inicial do novo coronavírus na China, um importante mercado da AB InBev.

Na América Latina, houve elevação de mais de 10%, superando o crescimento da indústria em dois de seus principais mercados, Brasil e México. Na Europa, as vendas de suas próprias cervejas ficaram estáveis.

A subsidiária brasileira Ambev registrou lucro líquido de 2,73 bilhões de reais no primeiro trimestre, mais do que dobro do verificado um ano antes.

O resultado medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 14,2% em uma base comparável e removendo o impacto da conversão de moeda, para 4,27 bilhões de dólares, superando a previsão média de expansão de 6,6% em uma pesquisa compilada pela empresa.

Este número deve aumentar entre 8% e 12% em 2021, com crescimento de receita maior do que isso, com base em vendas mais altas de cerveja, aumento de preços e mudança no gosto do consumidor para marcas premium, disse a AB InBev.