CPI pode analisar convocações a Arthur Weintraub, ex-secretária de enfrentamento à Covid e Pazuello
BRASÍLIA (Reuters) - A CPI da Covid no Senado pode analisar na quarta-feira pedidos de convocação para ajudar na linha de investigação sobre eventuais falhas do governo federal no enfrentamento à pandemia e também sobre o aconselhamento paralelo ao presidente Jair Bolsonaro relatado em depoimentos já prestados à comissão.
A pauta da reunião deliberativa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ainda não está pronta, mas já é certo que o colegiado irá se debruçar sobre requerimentos de convocação, informações e quebras de sigilos na quarta-feira.
Dentre eles, está o pedido para o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, para esclarecer a sua atuação na estrutura extraoficial de assessoramento no combate à pandemia, cujas orientações contrariavam as recomendações científicas divulgadas internacionalmente.
O requerimento foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que também pediu a convocação da ex-secretária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde Luana Araújo, "para que seja possível esclarecer as razões que a levaram a pedir exoneração do cargo de secretária de enfrentamento à Covid no Ministério da Saúde após apenas uma semana de trabalho na pasta".
Segundo reportagem da revista Veja, Araújo teria pedido demissão por não aceitar "entubar" determinações vindas do Palácio do Planalto.
O senador também é autor de requerimento de reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por entender que o depoimento prestado na última semana pelo ex-titular da pasta "foi permeado por diversas contradições verificadas no cotejo com documentos e informações disponibilizados à CPI e publicamente divulgados".
Apresentado na última sexta-feira, na intenção de "esclarecer as dubiedades do depoimento de Pazuello", o requerimento pode ganhar força após a participação do ex-ministro em manifestação política com o presidente Jair Bolsonaro no domingo com motoqueiros no Rio de Janeiro, atitude que transgride o regulamento interno do Exército, que veda a participação de militares da ativa em atos políticos.
No ato, Pazuello falou rapidamente e, assim como Bolsonaro e outros no palanque, não usava máscara.
Mais cedo, em entrevista à CNN, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a maioria dos senadores deve apoiar a reconvocação, acrescentando que o ex-ministro deverá ser indiciado por mentir à CPI.
"Não tenha dúvida que ele será reconvocado porque mentiu e mentiu muito. E aqueles que mentem na CPI, com certeza absoluta, serão indiciados", afirmou Aziz à emissora.
Na sexta-feira, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), disse à Reuters que o ministro poderia ser reconvocado para explicar novas informações. O senador considerou, na ocasião, que não cabia pedir ao ministro que voltasse aos temas já abordados.
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