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Elevaremos os juros até onde for preciso, diz presidente do Banco Central

"Isso não significa que o BC vai reagir, que vai ter alterações no plano de voo, a cada dado de alta frequência que sai", completou - Adriano Machado/Reuters
'Isso não significa que o BC vai reagir, que vai ter alterações no plano de voo, a cada dado de alta frequência que sai', completou Imagem: Adriano Machado/Reuters

Marcela Ayres

Em Brasília

14/09/2021 11h25Atualizada em 14/09/2021 17h26

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou hoje que o "plano de voo" do BC para o controle da inflação mira um horizonte mais longo e que, apesar de algumas surpresas inflacionárias, a autoridade monetária não reagirá a cada dado novo.

Questionado, durante evento promovido pelo BTG Pactual, se a mensagem de que fará o que for necessário para a inflação era direcionada para o ciclo de alta da Selic — taxa básica de juros da economia — e para o ritmo de aperto, ou somente para o ciclo, ele buscou esmiuçar a intenção do BC com a comunicação adotada.

"Quando a gente fala 'whatever it takes' (fazer o que for necessário), basicamente a gente está querendo dizer o seguinte: a gente tem um instrumento na mão que vai ser usado da forma como ele precisa ser usado e a gente entende que a gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha uma convergência da meta no horizonte relevante", afirmou.

"Mas a gente também gostaria de dizer que isso não significa que o BC vai reagir, que vai ter alterações no plano de voo, a cada dado de alta frequência que sai", prosseguiu.

"Ou seja, algumas coisas a gente tem comunicado, já tinha antecipado, algumas coisas de disseminação (de inflação) estão um pouco piores de fato na ponta, mas a gente tem um plano de voo que a gente olha num horizonte mais longo", completou.

A inflação brasileira tem surpreendido para cima e, nos 12 meses até agosto, bateu em 9,68%, muito distante do teto da meta oficial para este ano, de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O cenário tem feito agentes de mercado ajustarem continuamente expectativas também para 2022, ano que integra com maior peso o horizonte relevante do BC.

Na pesquisa Focus mais recente, a estimativa é de uma inflação de 8% este ano e de 4,03% no ano que vem, acima do centro da meta, que é de 3,5% para 2022, também com margem de tolerância de 1,5 ponto.

Em função do quadro, a projeção do mercado já é de que o BC terminará 2021 ajustando os juros básicos a um patamar mais alto: 8%, ante nível atual de 5,25% e uma taxa de 2% no início deste ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne na próxima semana para decidir sobre a Selic. Desde agosto, a sinalização era de que a autoridade antevia um novo aumento de 1 ponto percentual para este mês.