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Ibovespa tem maior queda em quase 3 meses por conta de variante ômicron

26/11/2021 19h00

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa despencou nesta sexta-feira, diante do clima de aversão global aos ativos de risco. A identificação de uma nova variante da Covid-19, chamada de ômicron, despertou temores do impacto econômico advindo de um recrudescimento da pandemia.

O Ibovespa caiu 3,39%, a maior queda desde 8 de setembro, para 102.224,26 pontos. Na mínima da sessão, o índice recuou a 101.494,70 pontos e renovou o menor patamar intradiário do ano. O volume financeiro foi de 27,2 bilhões de reais. Na semana, o índice caiu cerca de 0,8%, segunda baixa consecutiva.

O Ibovespa já abriu em queda firme nesta sexta-feira e permaneceu assim durante toda a sessão. Vale e Petrobras puxaram a baixa em pontos, devido ao recuo das commodities -- preços do petróleo caíram mais de 10%. Ações de setores sensíveis a possíveis restrições por conta da pandemia, como o aéreo e o de turismo, tiveram as maiores quedas em percentual.

A nova variante, identificada inicialmente na África do Sul, já foi designada como variante "de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Evidências preliminares sugerem que há um risco aumentado de reinfecção e que houve uma "mudança danosa na epidemiologia da Covid-19", disse a OMS em um comunicado após reunião fechada de especialistas independentes que revisaram os dados.

"É um fator de risco adicional para a bolsa", disse Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV. Ele afirma que o retorno mais forte do tema pandemia ao foco do mercado "torna o cenário interno ainda mais imprevisível". O tema fiscal segue no radar dos investidores, especialmente para a próxima semana quando a PEC dos Precatórios deve ser votada em comissão no Senado.

Pouco se sabe sobre a nova variante, mas cientistas dizem que ela tem uma combinação atípica de mutações, e pode ser capaz de evitar respostas imunológicas e ser mais transmissível.

O Reino Unido, os EUA e a União Europeia estão entre aqueles que impuseram restrições de viagens a países do sul da África. As medidas ocorreram apesar de a OMS, mais cedo, ter pedido cautela com essa proibições. A organização ainda disse que levará semanas para se determinar o quão eficazes as vacinas são contra a ômicron.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão de voos vindos de países do sul do continente africano, enquanto o Ministério da Saúde recomendou que Estados e municípios aumentem a testagem e que notifiquem imediatamente casos suspeitos da variante. Já o presidente Jair Bolsonaro disse que tomará "medidas racionais" em relação ao assunto, após, mais cedo, descartar fechar os aeroportos do país.

As bolsas dos EUA, que encerraram o pregão mais cedo na volta de feriado, desabaram. O Dow Jones e o S&P 500 sofreram suas maiores quedas percentuais diárias em meses. Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,67%, em sua pior sessão desde junho de 2020.

DESTAQUES

- AZUL PN derreteu 14,1%, GOL PN afundou 11,8% e CVC ON cedeu 11,1%. Nos três casos, os papéis registraram a maior queda desde abril de 2020. EMBRAER ON recuou 8,4%.

- VALE ON caiu 2,6%, enquanto CSN ON cedeu 4,9% e USIMINAS PN tombou 6,6%, acompanhando queda no contratos futuros do minério de ferro e aço na China, dada a preocupação com a nova variante e novos casos de Covid-19 em Xangai, aumentando as preocupações dos investidores sobre a recuperação econômica global.

- PETROBRAS PN caiu 3,9% e ON cedeu 4,4%, enquanto PETRORIO ON recuou 8,7%, com petróleo caindo mais de 10%, maior queda em um dia desde abril de 2020, também por conta da Covid-19.

- BRADESCO PN recuou 4% e ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,9%.

- MAGAZINE LUIZA ON caiu 7,4%, AMERICANAS ON recuou 6,2% e VIA ON cedeu 4,5%, mesmo com perspectivas de vendas maiores na Black Friday.

- LOCALIZA ON e UNIDAS ON caíram 3,2% cada. O jornal Valor Econômico publicou que Localiza ofereceu a venda da marca Unidas para conseguir aprovação para a compra da rival junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

- SUZANO ON, na esteira da alta do dólar, e TAESA UNIT foram os únicos papéis que fecharam no azul no Ibovespa na sessão. As altas foram de 0,15% e 0,11% respectivamente.