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Russa Acron fecha compra de projeto de fertilizantes da Petrobras em MS, diz ministra

Obras paradas da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) da Petrobras, em Três Lagoas (MS) - Por Lisandra Paraguassu
Obras paradas da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) da Petrobras, em Três Lagoas (MS) Imagem: Por Lisandra Paraguassu

Lisandra Paraguassu e Roberto Samora

Da Reuters, em Brasília*

04/02/2022 13h14Atualizada em 04/02/2022 17h39

O grupo russo Acron fechou a compra de projeto de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS), cuja obra estava parada desde 2014, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante evento no Estado.

"Hoje, quando cheguei pela manhã, recebi a notícia do presidente da Petrobras (Joaquim Silva e Luna) e do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), de que a Petrobras tinha concluído a venda com a empresa Acron", afirmou, conforme áudio da fala da ministra.

"Nós estávamos negociando isso há muito tempo", disse a ministra, em referência à Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras.

O acordo foi fechado antes da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, neste mês.

"O presidente acabou de me ligar, feliz da vida, desejando muito sucesso a Três Lagoas e à agricultura brasileira, que vai ganhar muito com a implantação dessa fábrica, que produz produtos nitrogenados, ureia, que é imprescindível para que nossa agricultura seja cada vez menos dependente de importação desses nutrientes."

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto.

A construção da fábrica foi iniciada em 2011 por um consórcio composto pela empreiteira Queiroz Galvão e um grupo chinês. No final de 2014, a Petrobras suspendeu o contrato. Até ali, o investimento estimado era de cerca de 3 bilhões de reais.

Em 2017, já no governo de Michel Temer, a estatal pôs a planta à venda, com a intenção de sair definitivamente do setor de fertilizantes.

A empresa chegou a negociar com a própria Acron no passado, mas encerrou as tratativas sem acordo no final de 2019.

De acordo com dados da Petrobras, a fábrica está 81% concluída e, quando finalizada, terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 toneladas/dia e 2.200 toneladas/dia, respectivamente.

A ministra não detalhou os valores envolvidos ou os planos para a retomada das obras.

Segundo a ministra da Agricultura, esse deve ser um dos temas da viagem de Bolsonaro à Rússia, que responde por cerca de 20% do total de fertilizantes importados pelo Brasil, país que importa grande parte de sua necessidade deste insumo.

"Acabou de passar no Conselho (da Petrobras). Na Rússia, temos uma reunião marcada com vários produtores de fertilizantes. Eles (Acron) estão nessa lista e lá teremos notícias bem frescas de quando eles vão chegar aqui", disse Tereza Cristina.

Uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que está "praticamente tudo acertado" com a Acron. "Mas há um caminho a ser percorrido dentro da diretoria executiva e do conselho da empresa antes de ser divulgado ao mercado", declarou, na condição de anonimato.

Em meio a uma crise internacional de escassez de fertilizantes, notadamente potássio, causada pelas sanções internacionais impostas a Belarus, um dos maiores produtores do insumo no mundo, o governo brasileiro tem buscado ajudar o setor a garantir o fornecimento.

No ano passado, a ministra foi à Rússia em busca de fornecedores, e agora acompanhará Bolsonaro em sua viagem.

Depois da Rússia, ministra também deve ir ao Irã para participar de negociações relacionadas a insumos agrícolas, segundo o ministério.

*Colaborou Rodrigo Viga Gaier, da Reuters, no Rio de Janeiro