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Enel apostará em renováveis e na eletrificação da economia do Brasil, diz CEO

enel - Por Letícia Fucuchima
enel Imagem: Por Letícia Fucuchima

14/04/2022 15h52

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica italiana Enel deve acelerar seu crescimento no mercado de energias renováveis do Brasil nos próximos anos, com novos investimentos em plantas de geração solar e eólica onshore, disse nesta quinta-feira o CEO mundial do grupo, Francesco Starace.

A companhia também vislumbra negócios no país com a tendência de eletrificação da economia, que deve não só exigir mais investimentos em redes de suas distribuidoras, mas também trazer oportunidades de parcerias para "descarbonizar" a indústria, os transportes e outros setores, acrescentou o executivo, durante evento na capital paulista.

No mercado de geração, ele afirmou que o Brasil já responde por 40% do crescimento da Enel em energias renováveis na América Latina, uma fatia que deve aumentar à medida que o grupo abandona a geração térmica poluente e adiciona mais capacidade eólica e solar ao portfólio.

"Nos próximos três anos, vamos adicionar 3.000 MW (no Brasil), o que é bem mais do que fizemos no passado, mas vai ser muito mais nos próximos anos, porque a aceleração está em curso... o potencial é enorme, tem muito vento, espaço e radiação solar", disse Starace.

A Enel Green Power, braço de geração renovável da italiana, opera mais de 4.700 MW renováveis no Brasil. Quase metade dessa potência está concentrada em eólicas, e o restante é dividido entre usinas solares e hídricas.

O grupo também continuará destinando recursos para o negócio de redes, com o objetivo de reforçar e modernizar seus sistemas para atender ao crescente consumo de energia elétrica no país.

Segundo Starace, há lugares na cidade de São Paulo em que o consumo chega a superar o de Manhattan, o que mostra a urgência de as distribuidoras brasileiras se prepararem para uma realidade operativa cada vez mais complexa com a eletrificação da economia e dos transportes.

A Enel anunciou no ano passado que vai investir cerca de 9,8 bilhões de euros na América Latina no ciclo 2022-2024, sendo que metade desse montante deve ir para o Brasil. No futuro, a fatia do país nos investimentos da região deve aumentar para "60% a 70%", disse o CEO.

Segundo ele, o país tem condições favoráveis, como crescimento demográfico e regulação previsível, que desenham um cenário positivo para os negócios da empresa.

"Não tem muitos países com essas condições, na Europa não temos crescimento demográfico... o Brasil está sub-representado no nosso portfólio, no futuro vai ser muito maior do que vários países em que estamos hoje".

FABRICAÇÃO LOCAL

Starace também comentou que o grupo avalia investir em fábricas de produção de painéis fotovoltaicos na América do Sul, mas disse que ainda não há uma decisão tomada. Segundo ele, é importante que a companhia tenha produção própria desses equipamentos, tornando-se menos dependente de fornecimento de países como a China.

A Enel está investindo em uma planta de painéis fotovoltaicos na Itália e deve replicar o modelo nos Estados Unidos, de acordo com o executivo.

O executivo defendeu ainda que o Brasil deveria incentivar a fabricação local de equipamentos e componentes associados ao processo de eletrificação, como baterias e carregadores para veículos elétricos, uma vez que o tamanho do mercado brasileiro já seria suficiente para dar escala à produção.

ELETROBRAS

Ainda durante o evento, o CEO disse que a companhia não pretende participar da oferta de capitalização da Eletrobras. Ele observou que o grupo chegou a comprar ativos da estatal brasileira --a distribuidora de energia de Goiás, privatizada há alguns anos--, mas afirmou que não há interesse em adquirir uma participação acionária na empresa.

Sobre o cenário eleitoral no Brasil, o CEO da Enel disse não ter preocupação com o resultado das próximas eleições presidenciais. "Muitas coisas ditas pelos políticos agora estão mirando o momento eleitoral. Não estou preocupado, é uma eleição democrática... não acredito que vá haver uma renacionalização do setor de energia, ou apocalipse disse ou aquilo".

(Por Letícia Fucuchima)