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Vale prevê desembolsar R$7,8 bi com reparações por Brumadinho em 2023, diz diretor

Rompimento de barragem de rejeitos de mineração completa quatro anos no fim deste mês. - Divulgação/Corpo de Bombeiros
Rompimento de barragem de rejeitos de mineração completa quatro anos no fim deste mês. Imagem: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Marta Nogueira

em Rio de Janeiro

18/01/2023 10h47

A mineradora Vale planeja desembolsar em 2023 cerca de 7,8 bilhões de reais com reparações pelo rompimento de barragem de rejeitos de mineração na cidade mineira de Brumadinho, que completa quatro anos no fim deste mês, disse à Reuters o diretor de Reparação e Desenvolvimento Territorial, Marcelo Klein.

O colapso da estrutura despejou uma onda gigante de lama que deixou 270 mortos, grande parte de funcionários da própria companhia, além de atingir comunidades, florestas e rios da região. Três pessoas seguem desaparecidas, e o executivo frisou que a busca por elas é uma "prioridade máxima".

Do montante total previsto para o ano, 3,9 bilhões de reais são referentes à provisão para acordo fechado com autoridades e 1,9 bilhão de reais em projetos próprios da Vale fora do acordo. Os 2 bilhões de reais restantes serão empenhados em ações como manejo de rejeitos, monitoramento de barragens, reformas e manutenções de infraestrutura, estudos e desenvolvimento de projetos entre outros, detalhou.

"A gente nitidamente percebe uma rampa de desaceleração do pagamento de indenizações, porque é natural com a passagem dos quatro anos, e uma aceleração dos projetos do programa do acordo de reparação", afirmou Klein, em entrevista por meio de videoconferência.

No ano passado, os desembolsos por Brumadinho ficaram em cerca de 10,2 bilhões de reais.

Dentre os projetos tocados pela companhia, o executivo destacou iniciativas voltadas ao fomento do turismo local, projetos de capacitação e apoio ao empreendedorismo, manuseio e contenção de rejeitos, dentre outros.

Trabalhos em curso

No total, a empresa desembolsou aproximadamente 37,2 bilhões de reais com as reparações desde 2019 até o fim de 2022, incluindo montantes relativos a acordo assinado com autoridades, indenizações individuais, trabalhistas e cíveis, além dos projetos não previstos em acordo.

Os acordos de indenização celebrados com a Vale superaram 3,15 bilhões de reais e contemplam, até o momento, 13,5 mil pessoas, incluindo as impactadas pelo rompimento da barragem e aquelas afetadas pelas desocupações em outros territórios.

Pelo menos um familiar de cada empregado, próprio ou terceirizado, falecido no rompimento já fez acordo de indenização com a Vale.

O acordo de reparação fechado com o governo de Minas Gerais e instituições de Justiça em fevereiro de 2021 prevê o empenho de 37,7 bilhões de reais em diversas frentes, dos quais cerca de 23,6 bilhões de reais foram desembolsados pela empresa até agora, em valores corrigidos pela inflação, o equivalente a 58% de execução.

Tal acordo, que encerrou ações coletivas na Justiça, não inclui as indenizações individuais.

"As execuções estão acontecendo e a gente quer transformar isso em valor percebido para a comunidade", disse Klein.

Cerca de 300 projetos estão em fase de desenvolvimento e outros 24, voltados para os municípios impactados, estão em andamento. Desses, nove são para Brumadinho e 15 para os outros 25 municípios da Bacia do Paraopeba. Entre eles, estão a estruturação de salas de emergência para reforçar os sistemas de saúde locais e a entrega de maquinários para a manutenção de estradas rurais.

"As famílias têm uma mágoa muito grande, um luto muito grande, mas a gente está sempre com eles, a gente tem um diálogo fluido, a gente não consegue concordar em tudo ou atender a todos os pedidos, mas o empenho em viabilizar o máximo possível é contínuo e permanente", disse Klein.

O executivo destacou que o principal mecanismo de apoio é o Programa Referência da Família, que conta com uma equipe de profissionais para prestar assistência psicossocial, criada em 2019, e que atendeu mais de 3.300 pessoas até agora.

Em outra frente, o executivo reiterou que o desastre foi um "grande ponto de virada da história da companhia", pela magnitude do evento. Levando a uma reformulação da gestão de barragens da empresa. Desde 2019, 5,8 bilhões de reais já foram investidos no programa de descaracterização de barragens construídas pelo método de alteamento a montante, o mesmo da barragem rompida.

"Brumadinho... foi nosso marco zero em relação a uma grande transformação cultural, para o ponto de vista de reforço da nossa cultura de prevenção... Um dos compromissos da reparação é garantia de não repetição", completou.