Ação da Americanas afunda 26% após pedir recuperação judicial
Por Paula Arend Laier e Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Americanas recuavam cerca de 26% na tarde desta quinta-feira, depois que a varejista pediu recuperação judicial, citando dívidas de cerca de 43 bilhões de reais, oito dias após um escândalo contábil de pelo menos 20 bilhões de reais.
Às 14:56, os papéis recuavam 26,44%, a 1,28 real. Antes do anúncio das "inconsistências contábeis", as ações valiam 12 reais.
Mais cedo, antes do anúncio oficial pela companhia, os papéis chegaram a 1,25 real, com o mercado já dando como certo o pedido após a empresa divulgar que trabalhava com a possibilidade de recorrer à Justiça para se proteger contra credores "nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas".
A B3 também informou que as ações da Americanas serão excluídas de seus índices, entre eles o Ibovespa, na sexta-feira, considerando o preço de fechamento do pregão regular, com sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes das respectivas carteiras.
Mais cedo, André Luzbel, chefe de renda variável da SVN Investimentos, afirmou que a situação da Americanas estava ficando cada vez mais complicada, enxergando a recuperação judicial como inevitável e avaliando que será um processo complexo, como o da operadora Oi.
Ele acrescentou que o horizonte ainda está bastante nebuloso, uma vez que não se sabe como a varejista irá lidar com credores e eventual venda de ativos. Mas ressaltou que a empresa tem vários bons ativos e alguns com certa liquidez.
"Agora, em relação a Americanas, é o famoso 'vender o almoço para comprar a janta', eles precisam sobreviver", afirmou.
De acordo com Luzbel, muitos fundos de investimentos já zeraram suas posições em ações da companhia, assim como em títulos da dívida, movimento que foi acelerado pelo rebaixamento da nota de crédito pelas principais agências de risco.
No pedido de recuperação judicial, a Americanas disse que o corte de rating pelas agências de classificação de risco fez com que os bancos se negassem a adiantar recebíveis de cartão de crédito, operação rotineira para capital de giro em empresas de varejo, drenando mais de 3 bilhões de reais do caixa da companhia.
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