Emissões de dívida devem testar apetite do mercado nas próximas semanas, diz diretor do BTG
SÃO PAULO (Reuters) - O segmento de emissões de dívida corporativas deve ver novos negócios nas próximas semanas, mas ainda não está clara qual a capacidade de absorção de mercado, disse o diretor financeiro e de relações com investidores do BTG Pactual, Renato Cohn, a jornalistas nesta segunda-feira.
Segundo ele, o BTG Pactual está estruturando de 10 a 15 operações de dívida que podem vir a mercado neste e no próximo trimestre, embora não haja garantia que todas ocorram efetivamente. O executivo afirmou que as próximas duas, três semanas serão fundamentais para saber o quanto o mercado pode absorver dessas ofertas.
"Já achamos que o mercado absorve (novas emissões de dívida), mas não sabemos o quanto", disse Cohn a jornalistas em conferência de resultados, acrescentando que, se houver demanda, novas transações devem surgir.
Para emissões de ações, ele afirmou que não há previsão de novos negócios.
O BTG Pactual divulgou na manhã desta segunda-feira um lucro líquido ajustado de 2,26 bilhões de reais para o primeiro trimestre, em linha com as expectativas do mercado, com receitas totais avançando dois dígitos em uma base anual.
O BTG viu a receita de banco de investimento, segmento no qual fatura por meio da assessoria em ofertas de dívida, ações e operações de fusão e aquisição, cair 26% na base anual e 46% quando comparado ao quarto trimestre de 2022, para 260 milhões de reais.
Enquanto para oferta de ações o cenário já vinha sendo de dificuldades desde 2022, após um boom no início da pandemia, o mercado de dívida corporativa também passou a enfrentar mais dificuldade recentemente, diante de um ambiente mais desafiador quanto ao risco de crédito, impactado em parte pela crise da Americanas, segundo o executivo.
O BTG, no entanto, contou com uma alta nas receitas de empréstimos a grandes empresas e de gestão de recursos de terceiros no primeiro trimestre para compensar o resultado mais fraco em banco de investimentos.
Sobre a recuperação judicial da Americanas, o executivo disse que as negociações com a varejista, da qual o BTG Pactual é credor, estão em estágios finais.
Questionado, Cohn disse que "faz sentido" a expectativa divulgada pelo Bradesco de algum acordo entre credores e a Americanas até junho.
Na semana passada, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que as partes estão caminhando para entendimento e que "até junho podemos conseguir chegar pelo menos a um acordo razoável".
Os papéis do BTG Pactual subiam 1,84%, a 24,31 reais, no meio da tarde, enquanto o Ibovespa avançava 0,92%.
(Por André Romani)
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