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Dólar passa a cair com CMN e inflação dos EUA em foco; moeda caminha para perdas no 2° tri

30/06/2023 09h11

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passou a cair frente ao real nesta sexta-feira, com investidores digerindo a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) da véspera e dados de inflação dos Estados Unidos, com a moeda caminhando para fortes perdas mensais e trimestrais.

Às 10:15 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,40%, a 4,8275 reais na venda.

Na B3, às 10:15 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 4,8290 reais.

Operadores alertavam para maior instabilidade nos negócios antes da formação da Ptax de fim de mês e semestre, mais tarde nesta sexta-feira. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

Enquanto isso, na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo comunicou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que decidiu adotar uma meta de inflação "contínua" a partir de 2025 e que o colegiado optou por manter, em 2026, a mesma meta de 3% já vigente para 2024 e 2025, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.

Haddad pontuou ainda que o horizonte para cumprimento da meta contínua será de 24 meses.

"Investidores avaliaram positivamente tanto a apresentação do Relatório de Inflação, em que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reiterou a sinalização de corte em agosto presente na ata, (quanto) a decisão do Conselho Monetário Nacional, que manteve a meta em 3,0% em 2025, apenas desvinculando-a do ano calendário, de modo que a meta passará a ser contínua a partir deste ano", avaliou a Guide Investimentos em nota.

Desde o início do novo governo, alguns participantes do mercado temiam que as metas de inflação poderiam ser alteradas de forma mais agressiva, o que poderia abalar a credibilidade do país aos olhos de investidores estrangeiros, de forma que o desfecho foi, no geral, um alívio.

Fornecendo impulso adicional para o real, dados desta manhã mostraram que os gastos do consumidor dos Estados Unidos desaceleraram acentuadamente em maio, enquanto o índice de inflação PCE, o favorito do Federal Reserve para acompanhar a dinâmica de preços, desacelerou em linha com o esperado.

Na esteira dos dados, que alimentaram o apetite por risco ao sinalizar esfriamento da economia e das pressões inflacionárias nos EUA, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía 0,30% no dia.

A moeda norte-americana estava a caminho de encerrar junho em queda de 4,8% frente ao real, em grande parte pela percepção de que, mesmo que o Banco Central comece a cortar a taxa Selic em breve, o diferencial de juros entre o Brasil e outras economias continuará interessante para investidores estrangeiros.

Além disso, investidores citaram a redução de temores fiscais, sinais de arrefecimento da inflação doméstica e surpresas positivas em dados de crescimento econômico como impulsos adicionais à divisa local.

No trimestre, o dólar acumula baixa de 4,8% frente ao real, caindo 8,5% na primeira metade do ano.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8469 reais na venda, com queda de 0,08%.