Ibovespa fecha em queda sem trégua em incerteza sobre políticas econômicas
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, em mais uma sessão negativa para ativos financeiros brasileiros, sem alívio nas preocupações com o cenário fiscal do país, enquanto Hypera chegou a disparar 7% após a rival EMS aumentar a participação acionária na farmacêutica.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,09%, a 120.766,57 pontos, perto da mínima do dia de 120.617,32 pontos, antes de fechar na terça-feira e na quarta-feira em razão do Natal. Na máxima, marcou 122.104,68 pontos. O volume financeiro somou 20,6 bilhões de reais.
De acordo com a equipe de macroeconomia do BTG Pactual, chefiada por Mansueto Almeida, o pacote de contenção de despesas foi insuficiente e não elimina riscos de mudanças no arcabouço fiscal até 2026, "pois as novas medidas não reduzem de forma significativa o ritmo de crescimento".
Os analistas também afirmaram que a deterioração fiscal e a incerteza quanto às políticas econômicas nos próximos dois anos no Brasil pressionam o câmbio, elevam a inflação e exigem uma resposta de política monetária mais firme, conforme relatório enviado a clientes.
"O resultado é um crescimento mais modesto e maior volatilidade nos preços dos ativos", afirmaram os economistas do maior banco de investimentos da América Latina.
A queda do Ibovespa acompanhou o tom mais negativo no mercado brasileiro como um todo, com alta nas taxas dos DIs e avanço dólar ante o real, refletindo a desconfiança dos agentes financeiros com a política fiscal do governo federal, mas também a alta nos rendimentos dos Treasuries.
"Em nossa avaliação, mantém-se a percepção de que o cenário macroeconômico e as baixas expectativas de alavancas locais devem impedir o Ibovespa de apresentar alta consistente nas próximas semanas", afirmaram analistas do BB Investimentos em relatório de análise técnica enviado a clientes.
As bolsas nos Estados Unidos, por sua vez, fecharam no azul, com o S&P 500 e o Nasdaq avançando 0,73% e 0,98%, respectivamente, enquanto o Dow Jones subiu 0,16%. O mercado acionário norte-americano funciona normalmente na terça-feira, fechando apenas na quarta-feira.
DESTAQUES
- AZUL PN recuou 9,34%, conforme o dólar voltou a avançar sobre o real, assim como as taxas dos contratos de DI, o que pesou sobre ações de setores cíclicos. Ainda no segmento de viagens, CVC BRASIL ON cedeu 6,06%, tendo ainda no radar a aquisição da Decolar pela empresa holandesa de investimentos Prosus, controladora do iFood.
- ALPARGATAS PN caiu 6,51% e LOJAS RENNER ON perdeu 5,96%, também minadas pelo movimento na curva de juros, que fez o índice do setor de consumo terminar em queda de 1,95%. No mesmo conceito, MRV&CO ON recuou 5,05% em dia de queda generalizada de construtoras. O índice setor imobiliário fechou em baixa de 3,13%.
- AUTOMOB ON recuou 19,05%, em mais um dia de correção negativa após forte valorização desde a estreia das ações na semana passada, quando foi listada a 0,17 real e chegou a ser cotada a 0,91 real.
- HYPERA ON avançou 3,32%, após o fundo Dodgers, veículo de investimento ligado à rival EMS, elevar a participação na farmacêutica a aproximadamente 6,02%. A EMS tentou em outubro combinar os negócios com a Hypera, mas não obteve sucesso. O movimento trouxe especulações de que o interesse segue firme, mas o caminho pode ser outro.
- SUZANO ON valorizou-se 2,72%, endossada por notícia de que está comunicando clientes em todos os mercados sobre reajustes nos preços da celulose a partir de 1 de janeiro.
- IRB(RE) ON subiu 2,42%, após a resseguradora reportar lucro líquido total de 24,2 milhões de reais em outubro, quando os prêmios emitidos alcançaram 481,9 milhões de reais e o índice de sinistralidade ficou em 78,2%. O resultado de underwriting somou 700 mil reais e o financeiro e patrimonial atingiu 65,6 milhões de reais.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,94%, em dia mais negativo para bancos, com BRADESCO PN cedendo 1,79%, SANTANDER BRASIL UNIT fechando em baixa de 3,09% e BANCO DO BRASIL ON terminando com variação negativa de 0,66%. Ainda no Ibovespa, BTG PACTUAL UNIT recuou 2,82%.
- PETROBRAS PN fechou com variação positiva de 0,03%, em dia de fraqueza do petróleo no exterior, onde o barril de Brent caiu 0,43%. A Petrobras disse que rescindiu contrato de desinvestimento dos campos de Uruguá e Tambaú, no pós-sal da Bacia de Santos. A venda havia sido acertada com a Enauta, hoje Brava Energia, após fusão com a 3R Petroleum.
- VALE ON subiu 0,42%, tendo como pano de fundo a alta dos contratos futuros do minério de ferro na China, com expectativa de reabastecimento de siderúrgicas chinesas. O contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 0,84%, a 780 iuans (106,87 dólares) a tonelada métrica.
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