Cosan vende ações da Vale em negócio de R$9 bi para reduzir alavancagem

Por Leticia Fucuchima e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) -A Cosan vendeu nesta quinta-feira sua participação acionária na Vale, em transação estimada em cerca de 9 bilhões de reais, à medida que o conglomerado que atua com combustíveis, logística e produção de açúcar e etanol visa reduzir sua a alavancagem.

O leilão em bloco na B3 envolveu 173.073.795 ações de emissão da Vale, equivalentes a uma fatia de aproximadamente 4,05% do capital votante da mineradora, segundo fato relevante.

A alienação saiu com desconto de 0,59% frente ao preço de fechamento do papel na véspera, de 52,6 reais, levantando cerca de 9 bilhões de reais no total, de acordo com uma fonte com conhecimento do processo.

Esses recursos serão usados integralmente para abater a dívida da Cosan, acrescentou a fonte, calculando uma redução de 40% do endividamento, para 14 bilhões de reais.

O presidente do Conselho de Administração do grupo, Rubens Ometto Silveira de Melo, afirmou em nota que "sempre" acreditou no Brasil e por isso investe no país, mas que questões ligadas às taxas de juros foram consideradas.

"A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan", disse Ometto.

"Na minha trajetória de empreendedor, fui ficando mais pragmático. Já passei por muito e aprendi que o foco deve ser na disciplina financeira para podermos continuar crescendo", acrescentou ele.

A Cosan ingressou no quadro de acionistas da Vale em outubro de 2022, afirmando que se tratava de uma ação para diversificar seu portfólio em um setor em que o Brasil tem vantagem competitiva.

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Na época, a fatia adquirida, financiada por meio de linhas de crédito de longo prazo, era avaliada em mais de 20 bilhões de reais, com o papel da mineradora valendo mais de 60 reais, bem abaixo dos níveis atuais.

Em abril do ano passado, a Cosan já havia vendido 33,525 milhões de ações da Vale, representativas de uma participação de 0,78%, passando a deter naquela oportunidade 4,14% do capital votante.

"Foi uma decisão pragmática e estritamente financeira. Considerando a atual taxa de juros no Brasil, ficou difícil apostar em uma valorização expressiva do mercado acionário", afirmou o CEO da Cosan, Marcelo Martins.

"A Vale é um ativo de altíssima qualidade e muita liquidez, e a Cosan está em uma trajetória clara de redução de alavancagem", acrescentou.

A ação da Vale operava perto de uma estabilidade por volta das 12h45, a 52,71 reais por papel, enquanto a da Cosan avançava 2,68% no mesmo horário.

(Por Roberto Samora e Letícia Fucuchima)

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