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Dólar fecha 2013 com valorização de 15,37% frente ao real

30/12/2013 17h42

No último pregão do ano, o dólar subiu 0,77% frente ao real , encerrando em R$ 2,3570, acumulando, assim, alta de 15,37% em 2013, a maior valorização desde 2008, quando a moeda americana subiu 31,34% em plena crise financeira global. Já o contrato futuro para janeiro avançava 0,10% para R$ 2,342. Em dezembro, a moeda americana acumulou alta de 0,86%.

No período de encerramento de balanços, empresas e fundos de investimento aproveitaram o último dia útil do ano para fazer o envio de remessas para o exterior, contribuindo para acentuar a alta do dólar no mercado à vista. No ano, até o dia 20, o fluxo cambial estava negativo em US$ 11,216 bilhões, caminhando para encerrar o ano em terreno negativo o que não acontecia desde 2008, devendo marcar o maior saldo negativo desde 2002, quando encerrou o ano com saída líquida de US$ 12, 989 bilhões.

Durante a manhã, o dólar chegou até a cair, alcançando a mínima de R$ 2,3270, com muitas empresas buscando segurar a alta do dólar antes da formação da taxa Ptax de hoje, que será utilizada nos balanços das empresas do quarto trimestre, e que encerrou em queda de 0,48% a R$ 2,3426. Apesar do Banco Central divulgar a taxa Ptax amanhã, a autoridade monetária deve repetir a cotação da taxa encerrada hoje, uma vez que não haverá mercado interbancário na terça-feira. A bolsa de valores brasileira também ficará fechada nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2014, com o pregão sendo retomado a partir do dia 2 de janeiro.

Apesar da atuação do BC por meio do leilão do programa de intervenção diária no mercado de câmbio, o dólar ganhou força frente ao real, descolando do movimento de queda da moeda americana frente às principais divisas de mercados emergentes no exterior. O dólar caía 0,93% frente ao rand sul-africano, 1,49% frente à lira turca, 0,56% em relação ao dólar australiano e 0,64% frente ao dólar neozelandês. O dia era de melhora de apetite por ativos de risco lá fora, depois da correção para baixo verificada nas moedas emergentes após o anúncio do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que iniciará o "tapering" em janeiro de 2014, reduzindo as compras mensais, que hoje somam US$ 85 bilhões, para US$ 75 bilhões.

O real encerra o ano, assim, no grupo das moedas que registraram a maior perda frente ao dólar diante da mudança de cenário de menor liquidez nos mercados mundiais com a redução da injeção de recursos pelo Fed, prevista para começar em janeiro de 2014. O real apresentou a sexta pior performance no ano frente a um grupo de 14 moedas emergentes, só perdendo para o peso argentino, rupia indonésia, o rand sul-africano, a lira turca e o dólar australiano, respectivamente.

Hoje o BC vendeu hoje todos os 10 mil contratos de swap cambial ofertados, operação que funcionou como uma injeção de US$ 497 milhões no mercado futuro.

A partir do dia 2 de janeiro de 2014, o programa de intervenção diária será mantido, mas com alguns ajustes. O BC passará a ofertar US$ 200 milhões de segunda a sexta por meio de leilões de contratos de swap, reduzindo a oferta semanal que hoje soma US$ 2 bilhões em swaps para US$ 1 bilhão. O BC também anunciou mudança para o leilão de linha de dólar com compromisso de recompra, que passará a ser realizado somente quando houver demanda por liquidez no mercado, retirando a obrigação da oferta de até US$ 1 bilhão todas as sextas, como vinha mantendo desde o dia 22 de agosto, quando o programa de intervenção diária no mercado de câmbio foi lançado.

Apesar da mudança já estar no preço, a oferta menor de swaps pelo BC pode trazer uma pressão de alta para o dólar no início do ano que vem, uma vez que a procura por hedge continua alta, afirma Francisco Carvalho, diretor de câmbio da corretora BGC Liquidez.

Desde o lançamento do programa, que tinha como objetivo prover hedge e liquidez para os agendes do mercado e reduzir a volatilidade do câmbio, o dólar acumula queda de 3,08%.

Com a alta do dólar de 0,86% em dezembro, o BC acumulava desde 22 de agosto um prejuízo de R$ 487 milhões até o dia 20 de dezembro com as atuações por meio de derivativos cambiais . "Em dezembro tradicionalmente há uma saída maior de dólares, mas acho que os investidores já estão ajustando seus portfólios ao ?tapering' e pode ser que, no primeiro momento, parte desses recursos não volte para o Brasil", afirma Carvalho. O diretor de câmbio da BGC Liquidez acredita que o real deve ficar acima de R$ 2,35 no início do ano que vem, mais perto de R$ 2,40 do que de R$ 2,30.