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"Não há aquisição no radar no curto prazo", diz Hypermarcas

22/02/2016 13h15

A Hypermarcas, que desde novembro anunciou a venda de seu negócio de cosméticos para a Coty por R$ 3,8 bilhões e de seu negócio de preservativos para a Reckitt Benckiser, por R$ 675 milhões, não planeja, no momento, usar parte do caixa para aquisições, de acordo com o presidente da companhia, Claudio Bergamo.

A Hypermarcas também colocou à venda a operação de produtos descartáveis, que inclui fraldas, como parte da estratégia de foco na área farmacêutica.

Considerando-se os valores referentes às operações, a empresa teria encerrado 2015 com caixa líquido pro forma de R$ 1,069 bilhão. "Não está no radar da companhia nenhuma aquisição no curto prazo", enfatizou o executivo, em teleconferência com analistas nesta segunda-feira.

Segundo o diretor financeiro da Hypermarcas, Martim Mattos, o objetivo é usar parte dos recursos recebidos para o pré-pagamento de dívidas. "A estratégia de liquidez será a de pré-pagamento o quanto antes e do quanto for possível da dívida bruta", disse.

Além disso, de acordo com Bergamo, há uma discussão na companhia sobre a possibilidade de parte desse caixa líquido positivo ser usado para remunerar os acionistas. "Há uma discussão de que parte desse caixa pode ser retornado aos acionistas, seja via dividendo, seja via recompra, mas isso ainda está em discussão. Mas a companhia terá estrutura de capital para poder fazer isso", afirmou.

Em relação à venda do negócio de fraldas descartáveis, o executivo garantiu que já "muitos players interessados", porém o momento não é favorável ao fechamento da operação por causa da volatilidade do câmbio, da consolidação de uma nova faixa de participação de mercado e do ritmo da expansão recente do negócio, cuja receita líquida cresceu 33,7% frente a 2014 para R$ 1,1 bilhão. "Ao consolidar esse desempenho, teremos claramente uma segurança maior [para fechar uma eventual transação]", comentou.

A empresa, que divulgou balanço no fim de semana, lidera as perdas no Ibovespa nesta segunda. Por volta das 12h30, as ações da Hypermarcas estavam cotadas a R$ 24,03, em queda de 1,48%. No horário, o Ibovespa avançava 3,09%, para 42.828 pontos.

Mercado farmacêutico

As vendas em volume de medicamentos da Hypermarcas em 2016 devem acompanhar o desempenho do mercado farmacêutico nacional, sem previsão inicial de ganho de participação, de acordo com Bergamo. No ano passado, o mercado brasileiro de medicamentos cresceu 10,4% em valor e, para este ano, as expectativas iniciais são de crescimento de um dígito.

Conforme Bergamo, outubro foi o pior mês do ano para a indústria farmacêutica, com maior aversão entre distribuidores e no varejo, o que acabou gerando um movimento de desestocagem nesses elos da cadeia. "Olhando estruturalmente, não vejo que deva ocorrer uma forte desaceleração em 2016, principalmente em reais nominais, dado que o setor vai fazer um aumento de preço em abril da ordem de 10%", afirmou o executivo. "Esse é o maior aumento feito nos últimos anos e, em grande parte, compensa o câmbio."

Em volume, a perspectiva da Hypermarcas é a de "um pequeno aumento", sem perda ou ganho de particfipação de mercado. "Internamente, o cenário mais moderado é que a gente deveria seguir o mercado. Se ganhar market share, será mais consequência de iniciativas nossas, mas o cenário é de manutenção", disse.

Desvalorização

Martim Mattos afirmou que o câmbio teve impacto de 3,9 pontos percentuais nos custos, o que resultou em redução da margem bruta da companhia de 75,4%, no quarto trimestre do ano anterior, para 72,6% em igual intervalo de 2015.

"O que afeta a margem é, trimestre a trimestre, a compra de novos insumos [dolarizados]. O crescimento do passivo de fornecedor por causa do câmbio vai para a despesa financeira", disse o executivo.

No ano passado, o aumento médio de 6,5% no preço de medicamentos autorizado pelo governo não foi capaz de compensar o impacto da valorização do dólar nos custos com insumos farmacêuticos e na divisão de descartáveis. Daqui para a frente, comentou Mattos, o aumento de preços que será liberado pelo governo em abril, de aproximadamente 10%, ajudará a "contrabalancear o efeito negativo do câmbio".

"De qualquer maneira, o dólar a R$ 4 e seu impacto já foram computados no orçamento, que lastreia o ?guidance' para o ano de R$ 1,1 bilhão", disse.

Na teleconferência, a direção da Hypermarcas reiterou a meta de resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) das operações continuadas (farmacêutica e de adoçantes) de R$ 1,1 bilhão em 2016.