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Dólar tem leve queda e dia volátil e de cautela com Reino Unido

14/06/2016 18h21

O dólar zerou a alta no fim do pregão e fechou em queda frente ao real, em dia de alta volatilidade. O real apresentou um desempenho melhor que seus pares emergentes frente ao dólar, refletindo um movimento de realização de lucros depois de ter liderado as perdas ontem.

Investidores adotam uma postura de maior cautela da preocupação com possível saída do Reino Unido da União Europeia, cujo referendo está marcado para 23 de junho, e da expectativa com a decisão de política monetária nos Estados Unidos amanhã.

No mercado local, o dólar comercial caiu 0,19% encerrando a R$ 3,4796, depois de ter passado a maior parte do tempo em alta frente ao real. Já o contrato futuro para julho recuava 0,04% para R$ 3,495.

Investidores aguardam novas sinalizações sobre a política cambial que será adotada pelo novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Ontem, Ilan afirmou que o BC "poderá utilizar com parcimônia as ferramentas cambiais que dispõe". Nesse sentido, ele poderá reduzir sua exposição cambial em determinado instrumento em "ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições", destacou.

O mercado entendeu que a autoridade monetária poderá voltar a intervir no mercado via a venda de swaps cambiais reversos a fim de reduzir o estoque em instrumentos cambiais, se as condições de mercado permitirem. Desde 18 de maio, o BC não atua no mercado de câmbio. "Ilan deixou claro que o BC não tem meta para o câmbio, mas também não fechou a porta para possíveis intervenções no mercado", afirma Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores. Para Nepomuceno, o BC poderá deixar vencer os contratos de swap cambiais tradicional em estoque, que soma cerca de US$ 62 bilhões, e fazer o uso do contrato de swap cambial reverso apenas em momentos de forte volatilidade do câmbio. "O novo presidente do BC deve ser mais flexível dentro de um intervalo que ele imagina que o mercado não está exagerando, mas não deve ter uma atuação tão agressiva no câmbio como a observada em março e abril", diz Nepomuceno.

Para Nepomuceno incertezas no mercado interno e externo têm impedido uma queda mais consistente do dólar no mercado local.

No mercado doméstico, os investidores acompanham a tramitação das medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. O Planalto deve enviar amanhã para o Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para o aumento dos gastos do governo, que não poderá ultrapassar a variação da inflação do ano anterior. A aprovação dessa medida, segundo Nepomuceno, pode ajudar a reduzir a percepção de risco no mercado local.

Já no exterior a preocupação com uma possível saída do reino Unido da UE sustentou a alta do dólar frente às principais moedas emergentes nesta terça-feira. Investidores temem que se o Reino Unido deixar a UE, isso poderia provocar um movimento global de fuga de ativos de risco, o que seria negativo para os mercados emergentes.