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Deutsche aumenta tensão nos mercados e dólar fecha em alta

29/09/2016 17h45

O dólar fechou em alta frente ao real, refletindo o movimento no exterior intensificado pela notícia da agência "Bloomberg" de que um número de fundos que compensam derivativos com o Deutsche Bank sacaram parte do colateral e desmontaram a posição junto à instituição, um sinal de preocupação das contrapartes com a saúde financeira do banco alemão.

Isso aumentou a aversão a risco nos mercados, que temem os efeitos secundários de um eventual problema com o Deutsche para o sistema financeiro, o que reforçou a alta global do dólar. O Deutsche é o segundo maior banco de investimento da Europa.

A preocupação com a liquidez do banco começou após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter exigido do Deutsche Bank o pagamento de US$ 14 bilhões para encerrar um litígio civil acerca da negociação de títulos lastrados em hipotecas e atividades de securitização entre os anos de 2005 e 2007. As autoridades europeias até o momento não têm mencionado a necessidade de qualquer tipo de ajuda ao banco.

No mercado local, o dólar comercial subiu 1,01% para R$ 3,2549, enquanto o contrato futuro para outubro avançava 1,23% para R$ 3,255.

A moeda americana já vinha sobre pressão antes da notícias envolvendo o Deutsche, após dados melhores que o esperado da economia americana.

A revisão do PIB americano do segundo trimestre mostrou que a economia americana cresceu 1,4% no período, acima do avanço do 1,1% registrado na leitura anterior e também superior à estimativa dos analistas, que previam alta de 1,3%.

Os dados de auxílio seguro-desemprego também vieram abaixo do esperado e mostraram um recuo para 254 mil pedidos na semana encerrada em 17 de setembro, abaixo dos 260 mil estimados pelo mercado.

A perspectiva de que a economia americana segue se recuperando abre espaço para o Federal Reserve seguir com a estratégia de subir a taxa básica de juros ainda este ano. Investidores aguardam o discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, que Kansas City sobre o forúm sobre sistema bancário.

O integrante do Conselho do Fed, Jerome Powell, disse nesta quinta-feira que o banco central americano tem condições de ser pacientes e elevar os juros gradualmente à medida que a economia melhorar.

No mercado local, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira que o texto da PEC 241, que limita as despesas do governo à variação da inflação no ano anterior, deve ser fechado na segunda ou terça-feira com o relator da medida. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), afirmou que pretende colocar a medida para votação no Congresso em 17 de outubro.

No mercado de câmbio, o Banco Central vendeu hoje mais 5 mil contratos de swap cambial reverso, operação equivalente a uma compra de US$ 250 milhões no mercado futuro.

O BC anunciou ontem que ofertará amanhã US$ 4 bilhões por meio de leilão de linha de dólar com compromisso de recompra. Desse total, R$ 2,4 bilhões se referem à rolagem de operações já existes e R$ 1,6 bilhão é de uma oferta nova.

Desde de 9 de março o BC não faz uma nova oferta de dólares por meio de leilão de linha e vinha realizando apenas a rolagem das operações já existentes.

O objetivo dos leilões de linha é prover liquidez no mercado à vista de câmbio.

Com o fluxo cambial negativo em US$ 2,253 bilhões em setembro, até o dia 23, os bancos ampliaram a posição vendida em dólar no mercado à vista de US$ 30,582 bilhões em agosto para US$ 32,846 bilhões em setembro, até o dia 22.

A saída líquida de US$ 4,646 bilhões na semana passada acabou pressionando a taxa do cupom cambial com vencimento mais curto, para dezembro, que subiu de 2,09% no dia 16 para 2,7% ontem. O cupom cambial representa a taxa de juros em dólar e é visto como indicador de liquidez no mercado local.

Analistas afirmam que a saída de recursos na última semana teria sido intensificada pelo pagamento de bônus do BNDES, que somavam US$ 1,250 bilhão de valor de emissão, e venceram em 26 de setembro.