IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Melhora no desenvolvimento humano no Brasil desacelera em 2011 a 2014

22/11/2016 11h55

A crise econômica não reverteu indicadores de desenvolvimento humano no Brasil, mas foi suficiente para reduzir seu ritmo de melhora. Entre os anos de 2011 e 2014, a taxa de crescimento dos índices ficou abaixo da observada no período de 2000 a 2010, com exceção do indicador de renda, que avançou a um ritmo maior. Apesar disso, a taxa de queda da desigualdade foi considerada inexpressiva em ambos os períodos.

Os dados constam do Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), lançado nesta terça-feira por meio de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Antes, esses órgãos divulgavam apenas o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, de 10 em 10 anos, com base nos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Agora, foi criado o Radar IDHM, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), com o objetivo de oferecer aos gestores públicos, pesquisadores e cidadãos uma análise mais atualizada do desenvolvimento humano no Brasil.

O Radar IDHM compreende três indicadores de desenvolvimento humano - longevidade, educação e renda - e varia de zero a um. De acordo com os critérios da pesquisa, quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano. O Brasil registrou uma taxa média de crescimento de 1,0% no seu IDHM de 2011 a 2014. Nesse período, a classificação do IDHM no país passou de 0,738 para 0,761. Apesar do avanço, o índice médio foi inferior ao observado nos 10 anos anteriores, que foi de 1,7%. Dos três componentes do índice, a educação, embora tenha avançado a uma taxa anual de 1,5% em quatro anos, acima da média do período, ainda é o que recebe a nota mais baixa, de 0,706.

Segundo o radar, todas as três dimensões apresentaram crescimento contínuo entre 2011 e 2014. Para os pesquisadores, essa melhora pode estar relacionada à rede de proteção social existente no país e ao fato de os indicadores analisados reagirem de formas diferentes ao desempenho econômico.

O indicador longevidade cresceu a uma taxa média de 0,6% nesse período - a metade da taxa média de 1,2% verificada na década anterior - e passou de 0,820 para 0,836. Essa dimensão é calculada a partir da esperança de vida ao nascer, que passou de 74,2 anos para 75,1 anos nos quatro anos analisados. Já o crescimento do item educação, de 1,5% nesses quatro anos, foi de menos da metade da taxa média de 3,4% observada nos 10 anos anteriores.

Por outro lado, os organizadores do estudo destacaram que, em quatro anos, o indicador que reflete a renda da população brasileira apresentou taxa de crescimento 1,1% (chegando a 0,741), superior se comparada ao índice médio de 0,7% verificado nos 10 anos anteriores. O estudo ressaltou que o crescimento da renda da população foi acompanhado pela redução da pobreza. No período analisado, a proporção de pessoas vulneráveis (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 255) decresceu a uma taxa média anual de 9,3% (contra 3,9% no último período analisado). Já a proporção de pessoas extremamente pobres (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70) teve decréscimo médio anual de 14% (contra 6,5% no último período estudado).

No que se refere aos dados da educação, o Ipea destacou a estagnação no percentual de pessoas com 18 anos ou mais e ensino fundamental completo. Elas somavam 60,1% em 2011 e 61,8% em 2014. Além disso, chama a atenção a taxa de crescimento significativamente mais lenta do percentual de pessoas com 18 a 20 anos com ensino médio completo - saindo de 48,4% em 2011 para 52% em 2014. Na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 61% tinham ensino fundamental completo em 2011. Quatro anos depois, esse índice era de 61%, "ainda muito longe do ideal", ressaltou o instituto.

O levantamento mostra ainda que, no desempenho do Radar IDHM como um todo, ainda que os dados confirmem as disparidades regionais existentes, os Estados do Amapá, Amazonas e Piauí apresentaram um avanço expressivo nos indicadores entre 2011 e 2014. No que diz respeito aos dados de educação, São Paulo, Roraima e Goiás apresentaram as melhores tendências. Já Sergipe e Espírito Santo apresentaram uma tendência de estagnação no período.

No que diz respeito às unidades da Federação, apenas três estão inseridas na faixa de muito alto desenvolvimento humano: Distrito Federal (0,839), São Paulo (0,819) e Santa Catarina (0,813).