Juros futuros seguem estáveis, após queda expressiva em dezembro
Os juros futuros fecharam a sessão "de lado" nesta terça-feira, confirmando a falta de disposição dos agentes em fazer ajustes em posições, que parecem já foram adequadas ao cenário de política monetária. As taxas acumulam uma queda importante no mês de dezembro, movidas pela indicação do Banco Central de que poderá acelerar o ritmo de alívio monetário em janeiro, com chances de promover um orçamento mais intenso da taxa ao longo de 2017.
O DI janeiro/2018, que concentra as apostas para o rumo da política monetária no ano que vem, cedeu de 12,08% para 11,57% ao longo do mês de dezembro. Já o DI janeiro/2019 caiu de 11,96% para 11,09%.
Essa queda das taxas garantiu um bom desempenho ao mercado de renda fixa. Segundo dados da Anbima, o IMA geral, indicador do desempenho do estoque de títulos públicos nas mãos do mercado, tem valorização de 1,3944% no acumulado de dezembro, até a sessão de segunda-feira. O destaque foram os papéis prefixados com prazo superior a um ano, que subiram 1,93%, e também as NTN-Bs com vencimento acima de cinco anos, cuja valorização alcançou 2,12%.
Em contraste, o Ibovespa tem uma perda ao redor de 5% no mesmo período. Embora cada um desses mercados tenha suas peculiaridades (desempenho do mercado internacional, commodities e realização de lucros, por exemplo), a trajetória desses dois segmentos ilustra bem o que parece ter sido o ponto central do debate em dezembro: a fraqueza da atividade econômica.
Depois da frustração com o PIB do terceiro trimestre, que teve retração de 0,8%, os indicadores conhecidos em novembro sugerem que a recuperação ainda não virá nos meses finais do ano. Circunstância que jogou a projeção para o PIB em 2017 captada pela Focus de 1,20% no começo de novembro para 0,50%, na última edição da pesquisa. A atividade mais fraca justifica, em grande parte, as surpresas favoráveis com a inflação e a perspectiva de convergência do IPCA para a meta.
É por causa dessa mudança na dinâmica da inflação e dos juros que o mercado parece ter deixado em segundo plano uma boa quantidade de notícias negativas que se acumulou em dezembro. É como se os ganhos possíveis a partir da evolução da queda da Selic tivessem "mascarado" os efeitos negativos vindos da deterioração da cena política. A aprovação pela Câmara do projeto de renegociação das dívidas dos estados, sem as contrapartidas exigidas pelo governo, a citação do presidente Michel Temer em delações da Odebrecht e a divulgação de pacotes microeconômicos com medidas de pouca força para dar vigor à atividade são exemplos de fatos que teriam potencial para afetar o humor do mercado, mas que foram ignorados. A dúvida é se, passado o próximo Copom, que deve confirmar um ritmo mais acelerado de alívio monetário, se esse estoque de notícias voltará à pauta.
27/12/2016 16:13:02
O DI janeiro/2018, que concentra as apostas para o rumo da política monetária no ano que vem, cedeu de 12,08% para 11,57% ao longo do mês de dezembro. Já o DI janeiro/2019 caiu de 11,96% para 11,09%.
Essa queda das taxas garantiu um bom desempenho ao mercado de renda fixa. Segundo dados da Anbima, o IMA geral, indicador do desempenho do estoque de títulos públicos nas mãos do mercado, tem valorização de 1,3944% no acumulado de dezembro, até a sessão de segunda-feira. O destaque foram os papéis prefixados com prazo superior a um ano, que subiram 1,93%, e também as NTN-Bs com vencimento acima de cinco anos, cuja valorização alcançou 2,12%.
Em contraste, o Ibovespa tem uma perda ao redor de 5% no mesmo período. Embora cada um desses mercados tenha suas peculiaridades (desempenho do mercado internacional, commodities e realização de lucros, por exemplo), a trajetória desses dois segmentos ilustra bem o que parece ter sido o ponto central do debate em dezembro: a fraqueza da atividade econômica.
Depois da frustração com o PIB do terceiro trimestre, que teve retração de 0,8%, os indicadores conhecidos em novembro sugerem que a recuperação ainda não virá nos meses finais do ano. Circunstância que jogou a projeção para o PIB em 2017 captada pela Focus de 1,20% no começo de novembro para 0,50%, na última edição da pesquisa. A atividade mais fraca justifica, em grande parte, as surpresas favoráveis com a inflação e a perspectiva de convergência do IPCA para a meta.
É por causa dessa mudança na dinâmica da inflação e dos juros que o mercado parece ter deixado em segundo plano uma boa quantidade de notícias negativas que se acumulou em dezembro. É como se os ganhos possíveis a partir da evolução da queda da Selic tivessem "mascarado" os efeitos negativos vindos da deterioração da cena política. A aprovação pela Câmara do projeto de renegociação das dívidas dos estados, sem as contrapartidas exigidas pelo governo, a citação do presidente Michel Temer em delações da Odebrecht e a divulgação de pacotes microeconômicos com medidas de pouca força para dar vigor à atividade são exemplos de fatos que teriam potencial para afetar o humor do mercado, mas que foram ignorados. A dúvida é se, passado o próximo Copom, que deve confirmar um ritmo mais acelerado de alívio monetário, se esse estoque de notícias voltará à pauta.
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