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Delator da Odebrecht aponta acordo com OAS no Canal do Sertão Alagoano

14/04/2017 17h56

O ex-executivo da Odebrecht, Ariel Parente, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que, em dezembro de 2009, a construtora firmou um "acordo de mercado" com a OAS para uma fizesse uma proposta de cobertura à outra no processo de licitação dos lotes três e quatro do Canal do Sertão Alagoano ? um projeto de 250 quilômetros para levar água para o interior do Estado.


"Em dezembro de 2009, eu fui convocado pelo meu líder João Pacífico para a entrega das propostas para dois lotes na licitação do Canal do Sertão, lote 3 e 4. Fui informado, tanto por João Pacífico quanto por Fabiano [Munhoz, também ex-executivo da Odebrecht], que eles tinham um acordo de mercado entre a OAS e a Odebrecht, mas não tive participação nisso. Apenas tomei conhecimento da existência desse acordo", afirmou.


Parente disse ainda que, quando chegou a Maceió, foi informado por Pacífico e Munhoz de que havia uma resistência da Queiroz Galvão em aderir ao acordo, para que a construtora ficasse com o lote seguinte, o de número cinco. "Mas a Queiroz Galvão queria participar desses dois lotes que estavam sendo licitados (...) Mas também tomei conhecimento de que o governo do Estado... estava pressionando a Queiroz Galvão a aceitar o acordo, com a promessa de ser contemplada no lote 5, posteriormente."


Segundo Parente, a Odebrecht preparou uma proposta de cobertura para a OAS no lote três e a OAS fez uma proposta de cobertura para a Odebrecht no lote quatro. A Queiroz Galvão foi eliminada da licitação do lote três por falha na documentação e, no lote quatro, ela perdeu no preço. "Não sei informar se isso foi por um acordo ou se foi por pressão do governo ou se foi houve uma manipulação posterior a licitação", disse Parente ao MPF, acrescentando que a Queiroz Galvão não contestou o resultado da licitação.


Posteriormente, em 2010, Parente conta que recebeu uma ligação da Queiroz Galvão solicitando o apoio da Odebrecht com uma proposta de cobertura para o lote cinco do Canal do Sertão Alagoano. "Levei o assunto para o [João] Pacífico, meu líder, e o Pacífico autorizou que a gente preparasse essa proposta de cobertura. Posteriormente, nos foi informado o valor que a gente deveria preparar nossa proposta, então essa proposta foi preparada", relatou o ex-executivo da Odebrecht.