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IBGE: Maioria dos brasileiros é sedentária a partir da adolescência

17/05/2017 11h20

Nenhuma caminhada, nenhuma partida de futebol ou ida à academia. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 62,1% dos brasileiros com 15 anos ou mais não praticaram qualquer esporte ou atividade física em 2015.


Isso quer dizer que 100,5 milhões de pessoas, de um total de 161,8 milhões, nessa faixa etária não faziam nenhum tipo de exercício, de acordo com o suplemento 'Prática de esporte e atividade física', divulgado nesta quarta-feira (17)peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Foi a primeira vez que o IBGE questionou a população sobre a prática de esporte e atividade física. Realizada em parceria com o Ministério do Esporte, a pesquisa permitiu identificar que atividade foi praticada, o local e a frequência do exercício físico.


Segundo o levantamento, 57,3% das pessoas entre 15 e 17 anos que não praticaram esporte não o fizeram porque não gostavam ou não queriam.


"Isso se deve pela falta de hábito durante a infância, sabemos que que nessa fase inicial precisa de um estímulo da família para que as crianças façam atividade física e o corpo se acostume e sinta falta de estar em movimento ao longo da vida", disseMaria Lucia Vieira, gerente da pesquisa.


Mulheres com pouco tempo livre


A falta de prática esportiva ou atividade física é mais frequente entre as mulheres: duas em cada três não se exercitaram (66,6%). Entre os homens, em 2015, esse percentual foi de 57,3%, segundo o IBGE.


O perfil dos sedentários é feminino e menos escolarizado. Quanto menor o nível de instrução formal, menor o percentual de pessoas que praticam algum exercício ou esporte. De acordo com o levantamento, 82,7% daqueles sem instrução não faziam nenhuma atividade física ou esporte. Esse percentual cai para 63,4% entre os brasileiros com mais de 15 anos que tinham completado o ensino fundamental e recua para 43,3% entre aqueles com ensino superior completo.


O rendimento mensal domiciliar per capita também registrou relação direta com a prática de atividade física ou esporte. Entre as pessoas que ganhavam menos de meio salário mínimo, 68,9% não faziam nenhum tipo de exercício. Essa proporção é bem menor entre aqueles que ganham cinco ou mais salários mínimos, grupo em que 34,8% eram sedentários.


A falta de tempo foi o principal motivo apontado por aqueles que não praticam esporte, com 38,2% dos sedentários citando essa razão. A justificativa da falta de tempo é dada com ainda mais frequência no Sudeste, onde 41,5% das pessoas deram essa justificativa.


Nas grandes cidades brasileiras, o tempo gasto entre casa e trabalho é muito grande e reduz a possibilidade de fazer exercício, diz Adriana Beringuy, analista da coordenação de emprego e renda do IBGE


Nas outras regiões, a alegação de falta de tempo tinha as seguintes proporções: Norte (33,7%), Nordeste (33,6%), Sul (38,5%) e Centro-Oeste (40,2%).


No país, outros 35% disseram que não faziam atividade física porque não queriam ou não gostavam e 19% declararam ter problema de saúde. Outras justificativas para não se exercitar eram: problemas financeiros (1,9%), falta de instalação esportiva acessível (2,7%), não terem companhia para praticar o esporte (1,7%) e outro motivo (1,5%).


Entre os que não praticaram esporte no período de referência (entre setembro de 2014 e setembro de 2015), 25,7% disseram que já haviam se exercitado anteriormente - o que equivale a 31,7 milhões de pessoas, sendo 18,9 milhões de homens (59,6%) e 12,8 milhões de mulheres (40,4%).


O motivo principal mais citado pelas pessoas que pararam de praticar esporte foi falta de tempo (51%), seguido de saúde ou idade (20,3%) e o fato de não gostarem ou não quererem (13,9%).


Qualidade de vida


Melhorar a qualidade de vida ou o bem-estar foi o principal motivo apontado por aqueles que decidiram fazer alguma atividade física, segundo a pesquisa do IBGE. Cerca de 40,2% das pessoas com 15 anos ou mais de idade citaram essa motivação. Outros 24,7% queriam elevar o desempenho físico.


Em 2015, 24% das pessoas de 15 anos ou mais de idade (38,8 milhões) praticavam esporte e 17,4% (28,1 milhões), atividade física. Parte desse contingente realiza as duas atividades.


Entre as atividades físicas citadas, a caminhada foi adotada por 49,1% das pessoas que se exercitaram. A segunda modalidade mais preferida era a academia (16,8%) e, depois, a musculação e culturismo (6,1%). Outras respostas foram: andar de bicicleta (6,1%), corrida (4,2%), futebol (5,2%) e outras atividades físicas (11,4%), entre elas lutas, dança e vôlei.


A caminhada era praticada principalmente por mulheres, que representavam 63,6% desse grupo. Elas eram maioria também na academia (66,4%). Em contrapartida, as principais atividades físicas com maior participação dos homens eram: futebol (94,4%); corrida (79,2%); andar de bicicleta (69,1%); e culturismo e musculação (57,3%).


A pesquisa não estabeleceu diferenciação entre esporte e atividade física, a definição ficou por conta da pessoa investigada.


Segundo o IBGE, 28,9% dos que praticaram esporte disseram que queriam relaxar ou se divertir. Outros 26,8% responderam que desejavam melhorar a qualidade de vida ou o bem-estar e 19,9% queriam melhorar o desempenho físico. Cerca de 10% começaram alguma esporte por indicação médica e 9,8% porque gostava de competir.


Entre os que praticam algum esporte, o futebol é o mais frequente: 39,3% disseram que já entraram em campo pelo menos para uma partida ao longo do ano de referência. Outros 24,6% praticavam caminhada. Em menor proporção, outros esportes eram: voleibol, basquete e handebol (2,9%), fitness ou academia (9%), ciclismo (3,2%), lutas e artes marciais (3,1%), ginástica rítmica e artística (3,2%) e outros esportes (14,7%).


Ainda entre os que praticavam esporte, 33,7% disseram usar instalação esportiva com algum pagamento, 24,5% usavam espaço público ou privado sem equipamentos esportivos, 21,2% espaço público com equipamentos esportivos, 17,8% instalação esportiva com utilização gratuita e 2,7% em espaço condominial ou em domicílio.