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Temer perdeu condições de tocar as reformas, diz Eurasia Group

18/05/2017 00h48

A consultoria de risco político Eurasia Group emitiu nota na noite desta quarta-feira com comentários a respeito das denúncias de que o presidente Michel Temer teria dado aval à compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em conversa gravada por um dos donos do grupo JBS, Joesley Batista.


Sob o título "Temer está à beira e as reformas, em compasso de espera", o texto diz que, se comprovadas, as acusações "têm o potencial de mergulhar a administração em uma profunda crise política". Para os analistas do grupo, há duas conclusões possíveis: que é improvável que o presidente Temer termine seu mandato, porque as acusações justificariam um processo de impeachment, e que a reforma da Previdência vai depender de se encontrar um caminho para sair desta crise política.


"O presidente Temer perdeu as condições de continuar a negociar a reforma da Previdência, que estava a apenas 2 semanas de uma votação. Como tal, um novo equilíbrio político precisa ser estabelecido antes que as reformas voltem aos trilhos", diz o texto.


A seguir, a íntegra da nota:


"Essas alegações, se comprovadas como verdadeiras, têm o potencial de mergulhar a administração em uma profunda crise política. Em primeiro lugar, é necessário cautela nas alegações. As gravações são supostamente parte de um pacto sendo negociado por um dos proprietários de JBS, Joesley Batista. Mas as gravações não foram divulgadas ao público, por isso agora Temer está negando as acusações (embora tenha confirmado ter se encontrado com Batista).


Mas se essas alegações provarem ser verdadeiras, surgem duas conclusões. A primeira é improvável que o presidente Temer termine seu mandato. Estas alegações são fundamentos justificáveis para um impeachment. Mas o resultado mais provável seria que esta crise leve o Tribunal Eleitoral (TSE) a destituir Temer em uma investigação de fraude eleitoral nas eleições de 2014, ou levá-lo a renunciar-se. Sob estes dois últimos cenários, o Congresso teria que eleger um novo presidente dentro de trinta dias. A oposição já está pedindo eleições gerais, mas o Congresso vai resistir a essa opção, o que exigiria uma emenda constitucional, por várias razões, incluindo o potencial de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer uma corrida competitiva durante um período de crise econômica.


A segunda conclusão é que todas as negociações sobre a reforma da Previdência dependem agora de se encontrar um caminho para sair desta crise política. O presidente Temer perdeu as condições de continuar a negociar a reforma da Previdência, que estava a apenas 2 semanas de uma votação. Como tal, um novo equilíbrio político precisa ser estabelecido antes que as reformas voltem aos trilhos. Dito isto, seria prematuro concluir que a reforma da Previdência está morta. Qualquer presidente eleito pelo Congresso terá fortes incentivos para colocar a reforma de volta a seu rito para construir uma ponte para chegar a 2018. O momento da reforma inevitavelmente será adiado e claramente enfrenta maiores riscos de aprovação. Muito pode depender de como as ruas vão reagir. Mas a queda de Temer não precisa ser equivalente à queda das reformas."