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Juros futuros caem, com apostas de Selic abaixo do previsto pelo Focus

19/09/2017 17h00

O mercado financeiro acredita numa desaceleração da inflação ainda mais acentuada do que a apontada pelas estimativas do Boletim Focus. Isso não só significa que gestores e operadores já estão se preparando para surpresas baixistas no fronte de preços como também justificaria apostas de algumas casas numa Selic em níveis inferiores a 7%.


No fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2018 caía a 7,580% (de 7,585% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 recuava a 7,400% (7,460% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 baixava a 8,870% (8,940% no ajuste anterior) enquanto o dólar comercial operava estável a R$ 3,1343.


Nos vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 cedia a 9,520% (9,590% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 caía a 9,840% (9,910% no ajuste anterior).


O Focus costuma trabalhar com alguma defasagem em relação ao mercado. Desde o início do ano, o boletim vem considerando estimativas acima dos preços de mercado e revisando a cada leitura as projeções para baixo.


Até por isso, a leitura é que o Banco Central - com postura até mais cautelosa - pode ser surpreendido com inflação mais baixa que a esperada. Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a autarquia projetava que o IPCA ficaria em torno de 3,3% em 2017 e em aproximadamente 4,4% em 2018. Esse cenário considerava que a Selic passaria parte do ano que vem em 7% e subiria a 7,5% no fim de 2018.


"Pode ser que as projeções do mercado, de juros de 7,00% ou até menos, estejam baseadas nessas expectativas de IPCA inferior a 4,00% no ano que vem", destaca Foureaux.


O cenário de juros mais baixos e expectativas de inflação também reduzidas afetam a atratividade de alguns títulos públicos. De acordo com o operador de uma corretora paulista, este foi o caso do leilão de NTN-B desta terça-feira. Foram vendidos apenas 518.400 papéis de uma oferta de 900 mil. Em outro leilão no começo do mês, as vendas de NTN-B também ficaram em pouco mais metade da oferta.


O mercado de juros futuros vem diminuindo o prêmio no horizonte do atual ciclo de política monetária. A diferença dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2019 e janeiro de 2018 - que refletem a percepção de risco ao longo do ano que vem - adentra terreno negativo e hoje marca -0,18 ponto percentual, de -0,145 ponto no fim da tarde de segunda-feira.


Na quinta-feira, o mercado deve calibrar suas projeções com a divulgação do IPCA-15 de setembro e a atualização do cenário do Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).


Para o Rabobank Brasil, a prévia da inflação oficial deve ficar em 0,12%, o que traz o valor acumulado em 12 meses para baixo, a 2,6%. "O risco é baixista em relação à projeção, dada a contínua deflação de alimentos vista nas coletas", diz o economista-chefe da casa, Maurício Oreng. "Estamos com 3,2% de IPCA para este ano, mas a chance de ficar em 3,0% está crescendo claramente", acrescenta.


O Relatório de Inflação, por sua vez, trará as estimativas do BC para prazo um pouco mais longo. E a distância dos números da autarquia em relação ao centro da meta de inflação de 2019 vai ajudar a "indicar o espaço que o BC poderá enxergar para cortes adicionais, isto é, já além dos 7,00% projetados", acrescenta Oreng. O horizonte de 2019 vai ficando cada vez mais relevante, dado que o efeito total da política monetária se dá em dois anos, de acordo com estudos do próprio BC.