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Com menor chance de arrumar trabalho, desalento cresce rápido

25/06/2018 10h43

O desalento com o mercado de trabalho bateu recorde no início do ano e evitou uma alta ainda maior da taxa de desemprego. Mas, diferentemente do imaginado, não foi a desistência da procura por trabalho após um longo período desempregado que fez crescer o desalento no país, de acordo com a Carta de Conjuntura doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)divulgada nesta segunda-feira (25).

Segundo dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país encerrou o primeiro trimestre deste ano com 4,6 milhões de pessoas na condição de desalentadas ? aumento de 511 mil no período de um ano. Desalentados são os trabalhadores que não procuram emprego, mas poderiam trabalhar e aceitariam a vaga se alguém oferecesse. Em geral, são pessoas que não procuram porque acham que não conseguiriam obter emprego.

Segundo o levantamento, o desalento cresceu no primeiro trimestre a partir de pessoas que perderam mais recentemente seus empregos. Existem duas hipóteses: uma pessoa foi demitida e tornou-se imediatamente desalentada, sem sequer tentar buscar emprego; ou o trabalhador deixou o emprego, ficou menos de três meses procurando uma vaga e desistiu. Mesmo se for esse o caso, são pessoas que ficaram curto período no desemprego, reportando, logo em seguida, que não estão mais buscando por considerar ter poucas chances de sucesso.

"Logo, isso não condiz com a hipótese mais natural de que o desalento seria alimentado por um influxo de pessoas que passam um longo período no desemprego. Sendo assim, os microdados da Pnad Contínua permitem que se descarte essa hipótese", avaliaram os técnicos responsáveis pelo documento: Maria Lameiras, Sandro Carvalho, Carlos Corseuil e Lauro Ramos.

Caged e Pnad

Existem atualmente dois "Brasis" nos levantamentos sobre mercado de trabalho do IBGE e do Ministério do Trabalho. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, foram perdidos 592 mil empregos com carteira de trabalho assinada de janeiro a abril deste ano. No Caged, do Ministério do Trabalho, foram gerados 337 mil empregos formais líquidos no período.

Para buscar explicações sobre as diferenças "substanciais" entre as duas pesquisas, a Carta de Conjuntura do Ipea buscou equalizar as divergências para comparar a trajetória das duas pesquisas. A conclusão foi que a divergência entre as duas pesquisas não são incomuns, mas que no longo prazo os dados tendem a convergir.

"Se a evolução do Caged continuar no mesmo ritmo, o crescimento do emprego formal na Pnad Continua deverá acelerar, pois as trajetórias de longo prazo das duas séries são semelhantes. Se essa melhora do Caged for observada apenas no curto prazo, a trajetória de recuperação do emprego formal na Pnad pode continuar em ritmo lento", avaliou o Ipea na carta divulgada hoje.

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