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Ibovespa opera com cautela política; dólar ronda R$ 3,97

20/08/2018 13h31

(Atualizada às 15h15) O Ibovespa opera entre leves altas e baixas numa sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações e pela continuidade da cautela dos investidores em relação ao cenário político. Embora não tenham piorado o sentimento do mercado, os resultados da pesquisa CNT/MDA também não trouxeram alívio.

Por volta de 15h15, o Ibovespa subia 0,25%, aos 76.216, após chegar a cair 0,55% na mínima do dia, aos 75.608 pontos ? na máxima, atingiu os 76.267. O giro financeiro do índice alcança R$ 4,6 bilhões.

Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor, destaca que o vencimento de opções sobre ações afeta especialmente os ativos da Petrobras nesta segunda-feira ? os papéis preferenciais caem 1,3%, enquanto os ordinários recuam 0,91%. "A tendência para [as ações] da Petrobras tende a ficar mais clara depois do vencimento", diz.

Ele ainda ressalta que apesar da pesquisa CNT/MDA não ter trazido maiores oscilações ao Ibovespa, os papéis de empresas estatais acabam tendo desempenho pior em função da dificuldade mostrada por Geraldo Alckmin (PSDB), candidato mais alinhado com as pautas econômicas defendidas pelo mercado financeiro. Eletrobras ON (-1,61%), Eletrobras PNB (-2,61%) e Banco do Brasil ON (-2,75%) fazem companhia à Petrobras e recuam com maior intensidade.

De acordo com o levantamento, o ex-presidente Lula lidera a corrida eleitoral com 37,3% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (18,8%), Marina Silva (5,6%), Geraldo Alckmin (4,9%) e Ciro Gomes (4,1%). Lula, Bolsonaro e Alckmin mostraram crescimento desde maio, enquanto Marina e Ciro recuaram.

A pesquisa ainda mostra que Haddad herdaria 17,3% dos votos de Lula caso a candidatura do ex-presidente seja impugnada, enquanto Marina, Ciro e Bolsonaro conseguiriam atrair 11,9%, 9,6% e 6,2% dos votos do petista, respectivamente. 31,3% dos eleitores de Lula indicaram que votarão em branco ou nulo caso a candidatura seja cassada pelo TSE.

"Com o Alckmin ainda fraco, o mercado sente um pouco e o pessoal fica receoso", diz Santos. "Mas tem que ver o que acontece com o Lula e se o Haddad consegue dar continuidade [ao desempenho do ex-presidente]", diz Santos. Ele ainda pondera que a pesquisa Ibope, a ser divulgada nesta noite, possui maior capacidade para influenciar os mercados.

Entre os bancos privados, Itaú Unibanco PN subia 0,90%, Bradesco PN tinha alta de 0,45% e Bradesco ON subia 0,44%. Já Vale ON (+1,38%) aparece no campo positivo desde o início do dia, em meio à combinação de dólar em alta e valorização do minério de ferro.

O noticiário corporativo também traz impactos positivos ao setor de siderurgia: Usiminas PNA (+4,16%) lidera os ganhos do Ibovespa após o J.P. Morgan elevar para compra a recomendação dos papéis. Já Gerdau PN (+3,13%) teve seu preço-alvo elevado para R$ 22 pelo mesmo banco. Por fim, CSN ON (+1,89%) sobe após anunciar pagamento de R$ 890 milhões em dividendos extraordinários e concluir negociações para reperfilamento de dívida de curto prazo com o Bradesco.

Dólar

A alta do dólar se intensificou na tarde desta segunda-feira. Na máxima do dia, a divisa americana chegou a R$ 3,9702, o que não era visto desde 1º de março de 2016 quando tocou R$ 4,0181. De acordo com operadores, o receio sobre as próximas pesquisas eleitorais alimenta a busca por proteção, que já é sustentada pelo ambiente externo mais adverso para emergentes.

Por volta das 15h, o dólar comercial subia 1,37%, a R$ 3,9682, enquanto o contrato futuro para setembro avançava 1,40%, a R$ 3,9740. Sinal de que as questões locais têm pesado sobre os negócios daqui, o real brasileiro tem o pior desempenho diário entre as principais divisas globais, superando até a perda da lira turca (-1,20%). O peso mexicano, por sua vez, se desvaloriza 1%, na terceira colocação mais negativa.

Entre os profissionais de mercado, cresce a preocupação de que os candidatos do Partidos dos Trabalhadores ganhem terreno nas pesquisas eleitorais, enquanto o Geraldo Alckmin (PSDB) - que tem agenda econômica mais alinhada à do mercado - segue patinando nas intenções de voto. Esse quadro já foi delineado hoje pela CNT/MDA. Mais tarde, deve ser divulgada a pesquisa Ibope.

"O nível de RS 4 (por dólar) já é uma realidade", diz o profissional de Tesouraria de um grande banco local. "Com o externo piorando, o dólar vai tocar esse nível, sem dúvida, é uma questão de tempo", acrescenta.

Por ora, contudo, a moeda americana tem respeito o ponto de R$ 3,97, que é considerado um ponto importante de resistência. De qualquer maneira, mesmo que haja algum respiro, a leitura no mercado é de que o dólar deve ficar num patamar mais alto - sendo bem citado o intervalo de R$ 3,90 a R$ 3,95 no curto prazo - ante os cerca de R$ 3,80 poucas semanas atrás.

Isso não significa, porém, que haja ampla pressão para intervenção do Banco Central com swap cambial. O que se ouve de operadores é que o movimento ainda é gradual, seguindo a pressão externa. O risco político responde por boa parte da alta, mas não a ponto de ser um gatilho claro para o BC conter os ânimos dos investidores.

Juros

Os contratos de juros futuros passaram a apresentar altas mais intensas depois do almoço com a insegurança dos investidores em relação às próximas pesquisas eleitorais.

O DI janeiro/2020 avança 0,65 ponto percentual, para 8,26%, o DI janeiro/2021 tem alta de 0,095 ponto, para 9,36%, e o DI janeiro/2025 fica 0,157 ponto mais alto, para 11,76%.

De acordo com David Cohen, sócio e gestor da Paineiras Investimentos, os mercados deram alguma piorada no período da manhã com a divulgação da pesquisa do CNT/MDA, mas o movimento está ficando mais forte com a expectativa da pesquisa Ibope que sai na noite de hoje.

"A pesquisa do CNT/MDA não veio muito completa por não ter uma amostra sem o Lula, por isso é difícil avaliar. Mas ela mostrou o ex-presidente muito forte e crescendo, o que aumenta o receio do número de votos que ele pode transferir para o candidato que escolher. Ao mesmo tempo, não vemos Geraldo Alckmin melhorando", afirma.