O fim da obrigatoriedade do imposto sindical, já validado pelo STF, foi um dos principais pontos da reforma trabalhista. Antes, todo trabalhador pagava, no mês de março, o imposto equivalente a um dia de trabalho por ano. Agora, a nova lei diz que o desconto da contribuição no salário depende da "autorização prévia expressa" dos empregados.
Na época da discussão sobre a proposta, entidades afirmavam que, sem a contribuição, que era a principal fonte de financiamento dos sindicatos no país, as entidades ficariam enfraquecidas e com menos condições de representar os trabalhadores nas negociações com as empresas.
Passado um ano, Krein diz que esse enfraquecimento realmente aconteceu e, como prova disso, apontou que o número de acordos e convenções coletivas assinadas neste ano até setembro caiu 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Salariômetro, medido pela Fipe.
Sou contra o imposto obrigatório, mas não da forma que isso foi feito, asfixiando e fragilizando os sindicatos, que ficam incapazes de resistir ao interesse das empresas.
José Dari Krein, professor da Unicamp
Para Krein, a reforma deve fragmentar a representação dos trabalhadores e deixá-los mais vulneráveis.
Já o coordenador do Salariômetro, Zylberstajn, diz que a queda nos acordos se deve a outro fator. “Como é uma questão de vida ou morte para muitos sindicatos, a obrigatoriedade do imposto sindical vira moeda de troca na negociação”, diz. “Eles tentam colocar a obrigatoriedade nos acordos coletivos, a empresa fica em uma situação insegura, e a negociação trava.”
A saída para as entidades, diz, é ir às bases e convencer trabalhadores a se filiar.
Com o tempo, a tendência é termos menos sindicatos, mas mais fortes.
Hélio Zylberstajn, professor da USP