Gol retoma hoje voos com Boeing 737 Max; veja o que mudou no avião
A Gol retoma hoje os voos comerciais com o Boeing 737 Max, avião que ficou proibido de voar por 20 meses após dois acidentes na Indonésia e na Etiópia que deixaram 346 mortos. A brasileira será a primeira companhia aérea do mundo a voltar a operar com o modelo em rotas regulares após a liberação da FAA, administração norte-americana de aviação, e da brasileira Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Durante os 20 meses em que ficou proibido de voar, o Boeing 737 Max passou por uma detalhada avaliação de todos os sistemas de controle de voo, em especial o mecanismo de estabilização automática, chamado MCAS (Sistema de Aumento de Características de Manobra, na sigla em inglês). Foi um erro nesse sistema que causou a queda de dois aviões do modelo na Indonésia e na Etiópia.
Informações incorretas do sensor
Uma falha de leitura dos sensores de ângulo de ataque (inclinação do avião) acionou o MCAS, que forçou o avião a baixar o nariz em um mergulho em direção ao solo. O MCAS baseava-se em informações de um único sensor para monitorar o ângulo do avião. Nos dois acidentes, o sensor passou informações incorretas ao MCAS e dados errados fizeram com que o sistema fosse ativado várias vezes.
O sistema foi completamente revisto e a Boeing alterou a forma de funcionamento. Antes de liberar o avião para retornar aos voos, as mudanças do sistema foram testadas em mais de 1.350 voos, que totalizaram mais 4.400 horas de voo.
Agora serão dois sensores
Em vez de apenas um sensor, o sistema passa a contar com informações de dois sensores de ângulo de ataque, que enviam os dados para os dois computadores de bordo do avião. Se houver uma divergência das informações (mais de 5.5 graus entre um sensor e outro), o MCAS será automaticamente desligado.
Além disso, a atuação do MCAS será mais limitada. O sistema só poderá ser acionado uma única vez. Depois disso, o piloto assumirá total controle do avião. Nos dois acidentes, o sistema foi acionado diversas vezes e os pilotos ficaram brigando com o avião sem conseguir assumir o controle de voo.
Avião na mão dos pilotos
De acordo com a Boeing, a capacidade dos pilotos de controlar o avião simplesmente puxando o manche para trás jamais será anulada após a revisão do sistema. Não foi o que aconteceu nos dois acidentes com o 737 Max na Indonésia e na Etiópia.
Para fazer as mudanças no sistema, o vice-presidente de operações da Gol, Celso Ferrer, afirmou que a atualização de cada aeronave leva cerca de cinco dias. Os dois primeiros aviões já passaram por todo o processo e os outros cinco Boeing 737 Max da Gol entrarão em operação até o final deste mês.
O processo envolve a atualização do software do MCAS e a integração do segundo sensor de ângulo de ataque ao sistema. Depois, o avião passa pelos voos de teste feitos pelos pilotos da própria companhia.
No caso da Gol, os aviões ficaram parados durante esses 20 meses no aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
Treinamento mais completo dos pilotos
Houve mudanças também no treinamento dos pilotos. Até então, comandantes e copilotos que já voavam no Boeing 737 NG precisavam apenas de uma pequena adaptação para voarem também no 737 Max. Agora, os pilotos precisam fazer o treinamento mais completo, que inclui sessões em simuladores específicos do 737 Max.
O foco dessa adaptação está justamente nas diferenças dos sistemas do NG para o Max. No caso dos acidentes anteriores, bastava os pilotos desligarem os atuadores elétricos do estabilizador horizontal e assumir o controle manual para evitar o problema. Os pilotos, no entanto, não estavam familiarizados com o novo sistema e não conseguiram evitar as quedas.
Dos mais de 1.500 pilotos da Gol, 140 realizaram o treinamento e estão habilitados a voar no Boeing 737 Max. Segundo o vice-presidente de operações da Gol, esse número é suficiente para operar uma frota de 12 aviões do modelo (a Gol tem sete até o momento). Todo o treinamento está sendo realizado em um centro de treinamento da Boeing em Miami, na Flórida (EUA).
"Hoje, é impossível repetir a mesma pane que causou aqueles dois acidentes", afirmou o presidente da Gol, Paulo Kakinoff.
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