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REPORTAGEM

Transporte de passageiro em avião cai 56%, mas o de cargas sobe 14% em 2020

Setor de aviação sofreu fortes perdas em 2020, mas o transporte de carga teve alta em comparação com o ano anterior - Getty Images/iStockphoto
Setor de aviação sofreu fortes perdas em 2020, mas o transporte de carga teve alta em comparação com o ano anterior Imagem: Getty Images/iStockphoto

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/08/2021 17h36

O ano de 2020 foi o mais crítico enfrentado pela aviação em todo o mundo até os dias atuais. Apenas no Brasil, houve uma redução de 56% no número de pessoas transportadas em comparação com o ano anterior, totalizando 51,9 milhões de passageiros em 465 mil voos.

Em 2019, foram 119,3 milhões de passageiros transportados em 949 mil voos. Os dados constam no Anuário do Transporte Aéreo, divulgado nesta quinta-feira (12) pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Em consequência, a receita total das empresas com os serviços aéreos também sofreu uma forte queda, de 53,4%, chegando a R$ 20,94 bilhões. Em 2019, foram R$ 44,95 bilhões. Essa receita inclui a venda de passagens, fretamentos, transporte de carga e mala postal (correio) etc.

Carga segurou perdas

No mercado brasileiro, o segmento de transporte de cargas e correio apresentou alta na receita, ao contrário dos demais do setor. A receita total em pleno ano inicial da pandemia foi de R$ 3,32 bilhões, uma alta de 13,7% em relação ao ano anterior (R$ 2,92 bilhões).

A proporção do segmento na receita total das empresas nacionais também cresceu, ficando em 16% em 2020, após representar apenas 6% em 2019 e 7% em 2018.

Receita das aéreas nacionais com transporte de carga e mala postal:

  • 2020: R$ 3,32 bilhões
  • 2019: R$ 2,92 bilhões
  • 2018: R$ 3,11 bilhões
  • 2017: R$ 2,84 bilhões
  • 2016: R$ 2,39 bilhões

Menos espaço em aviões, maior demanda por cargas

Para Dario Rais Lopes, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ex-secretário Nacional de Aviação Civil, o aumento na receita com o transporte de cargas e correio se deve à união de dois fatores: a redução da oferta de voos onde esse tipo de transporte pode ser realizado e o aumento da demanda em decorrência do fortalecimento do comércio eletrônico.

No Brasil, grande parte das cargas é transportada nos porões dos aviões que realizam voos com passageiros. Assim, com menos pessoas voando, havia menos oferta para carga.

Ao mesmo tempo, diz Lopes, houve um aumento da demanda por cargas. Com as pessoas tendo de ficar em casa, o comércio eletrônico cresceu, e 90% da carga dessas vendas é levada por meio aéreo, afirma.

Com isso, há aumento no preço cobrado pelo serviço, o que favoreceu o fluxo de dinheiro junto às empresas.

Receita com carga e correio por empresa

Absa (Latam Cargo)

  • 2020: R$ 1,067 bi
  • 2019: R$ 1,030 bi
  • 2018: R$ 1,179 bi

Latam

  • 2020: R$ 821,9 mi
  • 2019: R$ 928,3 mi
  • 2018: R$ 947,7 mi

Azul

  • 2020: R$ 747,8 mi
  • 2019: R$ 552,1 mi
  • 2018: R$ 373,4 mi

Sideral

  • 2020: R$ 370,9 mi

Gol

  • 2020: R$ 316,3 mi
  • 2019: R$ 411 mi
  • 2018: R$ 400,9 mi