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REPORTAGEM

Luxo e sem fila de espera: Aeroporto executivo em SP busca milionários

São Paulo Catarina, aeroporto executivo a cerca de 60 km de São Paulo, em São Roque, atrai milionários e famosos - Divulgação/JHSF
São Paulo Catarina, aeroporto executivo a cerca de 60 km de São Paulo, em São Roque, atrai milionários e famosos
Imagem: Divulgação/JHSF

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/08/2022 04h00

Um aeroporto fora de São Paulo é voltado para atender voos de jatos particulares de ricos e artistas, como o bilionário Elon Musk (Tesla e SpaceX) ou a dupla sertaneja Henrique e Juliano. O São Paulo Catarina, localizado em São Roque (SP), faz parte de um novo modelo de negócios do setor, que promete ser uma alternativa para quem quer ter exclusividade na hora de voar.

O local é o primeiro aeroporto executivo privado do país, ou seja, foi construído para atender voos privativos, tanto da aviação geral, quanto do táxi aéreo. Ele foi inaugurado em 2019 e, desde 2021, foi autorizado a operar voos internacionais. O pouso pode custar até R$ 8.403,31, quando é feito por aviões vindos do exterior que pesam entre 48 e 96 toneladas.

Entre 2020 e 2021, houve um aumento de 125,6% na quantidade de pousos e decolagens, segundo a empresa, mas ela não revela os números.

O aeroporto teve receita líquida de R$ 39,4 milhões em 2021, alta de 96,5% em comparação com o ano anterior.

Mesmo localizado fora de São Paulo (o local fica a cerca de 60 km do centro da capital paulista), ele tem atraído o público que prioriza voos particulares.

Um dos principais motivos é a ausência de filas. Como não possui grande movimentação, não é preciso esperar outros pousos e decolagens, nem mesmo para desembarcar. Junto a isso, o espaço conta com controle de tráfego aéreo próprio e serviços de imigração, vigilância sanitária e alfândega para quem chega do exterior.

Outro diferencial é o serviço de luxo oferecido no Catarina. Ali, os passageiros podem contar com serviços de concierge 24 horas por dia, aluguel de veículos blindados, lounges privativos para embarque e desembarque, sala de reuniões, entre outros serviços desse nicho de mercado.

As refeições servidas a bordo são feitas pela equipe do restaurante Fasano.

Alta capacidade

A pista do Catarina tem 2.470 metros de comprimento. Isso é mais do que os aeroportos de Congonhas, onde a pista maior tem 1.940 metros, e o Campo de Marte, com pista de 1.600 metros de comprimento (ambos na capital paulista)

Esse tamanho permite ao aeroporto executivo receber jatos de grande porte, como o Gulfstream G650ER, modelo que Elon Musk usou para vir ao Brasil em maio, Embraer Lineage e o Falcon 8X. São modelos que conseguem voar até a Europa e América do Norte sem escalas.

Atualmente, o espaço conta com oito hangares, sendo que três foram inaugurados no começo de 2022. Até o final de 2021, os cinco hangares até então existentes estavam 100% ocupados, com 71 aeronaves guardadas no local.

O local tem uma área total de 5,2 milhões de m², sendo 50 mil m² de pátios e 50 mil m² de hangares, onde é possível encontrar centros de manutenção de aeronaves.

A localização do aeroporto, na rodovia Castelo Branco, também facilita o acesso ao eixo da Faria Lima na capital paulista. Com isso, quem chega em um jato executivo não precisa atravessar o centro da cidade para chegar a esses locais.

Receita

O local gera renda a partir de quatro fontes:

  • Hangaragem (serviço de guarda e estacionamento de aeronaves)
  • Venda de serviços, como limpeza, polimento de aeronaves e catering
  • Movimentações (taxas de pousos e decolagens)
  • Serviços de táxi aéreo

O pouso no Catarina pode custar até R$ 8.403,31, quando é feito por aviões vindos do exterior que pesam entre 48 e 96 toneladas. Ao mesmo tempo, aviões que pesam entre 48 e 100 toneladas devem pagar R$ 9.008,07 para um pouso feito no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP) e R$ 9.120,91 quando o pouso ocorre no aeroporto de Brasília (DF).

Já pousos de voos domésticos feitos por aeronaves mais leves custam menos. A operação mais barata, realizada com aeronaves que pesam até uma tonelada, custa R$ 204,70 no Catarina, R$ 197,54 em Brasília e R$ 195,09 em Viracopos.

Essa regra se aplica a aeronaves da aviação geral, o que não inclui aviões de companhias aéreas, que possuem um sistema de cobrança diferente.

Concorrentes à vista

Antares - Divulgação/Antares Polo Aeronáutico - Divulgação/Antares Polo Aeronáutico
Antares Polo Aeronáutico terá o primeiro terminal executivo localizado em Aparecida de Goiânia (GO)
Imagem: Divulgação/Antares Polo Aeronáutico

O aeroporto paulista deverá contar com dois novos concorrentes nos próximos anos: O Antares Polo Aeronáutico, em Aparecida de Goiânia (GO) e o Aerovale, em Caçapava (SP).

Os dois, diferentemente do Catarina, estão sendo construídos para serem polos industriais e comerciais além do aeroporto executivo.

Antares fica na região metropolitana de Goiânia, e pode abarcar uma fatia importante de empresários do agronegócio que pretendem viajar, mas não querem ter de passar pelo aeroporto Santa Genoveva, na capital do estado. Sua entrega está prevista para 2024, e a pista do local terá 1.800 metros de comprimento.

Também deve ocorrer a instalação de um polo voltado para a aviação executiva, com empresas e prestadores de serviço, além de serviços de manutenção e operação logística.

Já em São Paulo, no caminho entre a capital e o Rio de Janeiro, está localizado o Aerovale. Previsto para ser entregue em 2014, a obra teve de ser parada devido a embargos ambientais, e só foi retomada em 2015, em um ritmo lento.

A construtora Penido, responsável pela obra, também enfrentou problemas financeiros no período, mas diretor-executivo do aeroporto, Rogério Penido, diz que as vendas dos lotes devem ser retomadas até o começo de 2023.

O Aerovale já possui uma pista de pousos e decolagens pronta e homologada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), restando apenas as obras nos lotes em seu entorno e o término da construção do terminal executivo para poder iniciar as operações.