José Paulo Kupfer

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Opinião

Inflação deve ter pico de alta em setembro, mas não muda roteiro para Selic

A inflação mensal, medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), deixou em julho o terreno negativo, para o qual não deverá voltar pelo menos até o fim do ano, de acordo com o divulgado nesta sexta-feira (11), pelo IBGE.

A alta de preços, no mês passado, ficou em 0,12%, acima da média das previsões, que sinalizavam estabilidade. No ano, a inflação avançou 2,99%, e voltou a subir no acumulado em 12 meses, chegando a 3,99%.

Pico de alta deve ocorrer em setembro

Daqui até dezembro, os índices mensais devem subir no intervalo entre 0,3 e 0,5%. As previsões do economista Fabio Romão, responsável pelo acompanhamento de preços na LCA Consultores, para agosto, por exemplo, são de que a alta do IPCA rodará em torno de 0,25% a 0,3%.

Deixando para trás a deflação forçada do terceiro trimestre de 2022, promovida pelo então governo Bolsonaro com objetivos eleitorais, a inflação acumulada em 12 meses deve apresentar trajetória de alta, no segundo semestre. O pico deve ocorrer em setembro, com elevação de 5,5%, descendo, no trimestre final de 2023, encerrando o ano nas vizinhanças de 5%.

Resultados não alteram perspectivas para os juros

Do ponto de vista da política de juros, os números agora conhecidos da inflação de julho não indicam a necessidade de alteração no roteiro traçado na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nos primeiros dias de agosto. Esse roteiro prevê cortes de 0,5 ponto percentual em cada uma das restantes três decisões do Copom em 2023.

Ao contrário, embora a taxa mensal tenha subido ligeiramente, na comparação com junho, o índice de difusão — ou seja, o número de itens da cesta de bens e serviços que compõe o IPCA — recuou forte, o mesmo ocorrendo com a média dos núcleos — os núcleos aferem a alta de preços sem considerar alterações sazonais ou extraordinárias.

Também caiu o ritmo de alta nos preços dos serviços, que subiram 0,25% em julho, depois de avançar 0,62%, em junho. Se essa tendência de queda nesse conjunto de indicadores persistir, devem crescer as apostas em corte de 0,75 ponto, no Copom de dezembro.

Preços administrados puxaram a inflação para cima e para baixo, em julho. Combustíveis, principalmente gasolina, para cima. Energia elétrica para baixo. Alimentos continuam em deflação, com queda de quase 0,5%, no mês passado, chegando a recuo de 0,72%, no domicílio. Nas projeções de Fábio Romão, quedas nos preços dos alimentos serão mais intensas em agosto do que foram em julho, podendo chegar a 1%, no domicílio.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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