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Ex-catador de papelão vira dono de mercado com 3.000 itens na Bahia

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

01/08/2014 06h00

Aos 8 anos, Rodrigo de Jesus Santana já vendia pães e picolés nas ruas de Santaluz (a 258 km de Salvador) para ajudar a pagar as contas de casa. Dos 10 anos aos 15 anos, recolhia papelão e materiais recicláveis. Hoje, aos 27, ele é dono de um mercado de 108 m², com seis funcionários e 3.000 itens à venda.

A aproximação de Santana com o comércio veio cedo por conta do divórcio de seus pais. Ainda criança foi obrigado a ajudar no orçamento doméstico. Todos os dias, às 7h30, o menino saía com um carrinho de mão para recolher sucata. A venda do material rendia quase um salário mínimo por mês à família.  

A rotina dura o levou a abandonar a escola sem completar o ensino fundamental. “Tive de escolher entre o estudo e o dinheiro. Na época, precisava mais do dinheiro”, diz Santana.

Aos 15 anos, deixou de recolher materiais recicláveis para vender produtos caseiros de limpeza em sua casa. Mais rentável, o negócio permitia que ele ajudasse com os gastos domésticos e ainda guardasse dinheiro. Cinco anos mais tarde, Santana comprou um terreno.

No espaço de 9 m², o baiano construiu uma loja e passou a vender produtos da cesta básica, como açúcar, arroz e feijão, em 2007. A variedade de mercadorias, no entanto, era pequena, apenas 20 itens.

Cursos de gestão e crédito o ajudaram a virar empresário

Para ampliar os negócios, o empreendedor buscou ajuda do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e fez cursos de gestão. Foi aconselhado também a pegar empréstimo em uma cooperativa de crédito local para ampliar o estoque da empresa.

“A cooperativa de crédito oferece menos burocracia para emprestar dinheiro. Como, na época, eu não era formalizado, nenhum banco me emprestou o recurso”, afirma. O primeiro empréstimo foi de R$ 2.000. Em sete anos, outros nove financiamentos foram feitos. O último no valor de R$ 25 mil, que o empresário ainda paga.

“Aos poucos aumentei meu espaço e meu estoque até chegar ao negócio que tenho hoje. Dos 20 itens que vendia, passei a 3.000 produtos diferentes”, declara. Segundo o empresário, o mercado Comercial Super Bom Preço nasceu oficialmente em 2009. O faturamento não foi revelado.

Santana conta que, hoje, mora em uma casa mais confortável e tem duas motos, uma de uso pessoal e outra para entregar compras. Além disso, sentiu uma mudança na forma como as pessoas o enxergam. “Antes, eu era motivo de piada por recolher sucata. Agora, sou respeitado como empresário”, afirma.

Empréstimo é passo que precisa ser estudado, diz especialista

Para o técnico do Sebrae na Bahia José Raimundo Santos, o crescimento da empresa só foi possível porque o empresário procurou ajuda, tanto para adquirir conhecimento como para investir no negócio. No entanto, ele ressalta que recorrer a um empréstimo é um passo que precisa ser estudado.

Bancos e cooperativas de crédito oferecem empréstimos em condições bem diferentes. “Os bancos dificultam muito o empréstimo para empreendedores informais ou do interior”, diz.

Apesar de as cooperativas de crédito concederem empréstimos com menos burocracia que os bancos, Santos alerta que os juros podem ser maiores.

Controlar os gastos e não misturar as contas do negócio com as da casa são as principais dicas do técnico do Sebrae para evitar contrair dívidas de empréstimos. “O valor emprestado pelas cooperativas de crédito, geralmente, é baixo e com um planejamento financeiro simples é possível pagar sem dores de cabeça”, declara.