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Picolé mexicano tem franquia de R$ 90 mil, mas há risco de ser só moda

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

19/09/2014 06h00

Empresas que investiram na fabricação e na venda das paletas mexicanas --picolés artesanais-- nos últimos dois anos agora apostam na expansão com a abertura de franquias. Desde 2013, ao menos três redes adotaram o modelo: El Paletero, Los Paleteros e Palecolé. Juntas, as empresas somam 49 unidades franqueadas no país. 

O ramo exige investimento inicial entre R$ 90 mil e R$ 395 mil e disposição para enfrentar o risco de que o produto seja apenas uma moda passageira, apontam consultores. 

A primeira loja da Los Paleteros nasceu em Balneário Camboriú (SC), em 2012. Os engenheiros Gean Chu, 25, e Gilberto Verona, 25, viram uma oportunidade no ramo de sorvetes artesanais e investiram em paletas mexicanas, picolés feitos com ingredientes naturais e maiores que os tradicionais.

A aposta deu certo e, em 2013, a empresa passou a oferecer franquias. Hoje são 45 unidades em 7 Estados, 43 delas abertas este ano. Segundo Chu, as lojas vendem uma média de 20 mil sorvetes por mês, divididos em 25 sabores e vendidos a preços que variam entre R$ 6 e R$ 8. O mais procurado é o de morango com recheio de leite condensado.

Para abrir um quiosque da marca, o interessado precisa desembolsar R$ 260 mil, incluindo a taxa de franquia e o capital de giro. A loja da marca tem investimento inicial de R$ 395 mil. Do faturamento médio mensal, estimado em R$ 90 mil, são cobrados 8% de royalties e 2% de taxa de publicidade. 

Caráter artesanal é diferencial do sorvete

No mercado desde 2012, a El Paletero, que também nasceu em Balneário Camboriú (SC), lançou a franquia há dois meses. “Decidimos tocar o negócio devagar porque não queríamos que os produtos perdessem o caráter artesanal”, diz Manuella Bassetti, 28, uma das sócias da empresa, que considera isso um diferencial do produto.

O capital mínimo para abrir uma franquia da El Paletero é de R$ 210 mil (quiosque) ou de R$ 300 mil (loja). O faturamento médio mensal estimado para as franqueadas é de R$ 58 mil, com margem de lucro de 34%. 

A empresa tem oito lojas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul --cinco próprias e três franquias. Os picolés, de 24 sabores, custam de R$ 6 a R$ 8. De acordo com a empresária, cada unidade vende uma média mensal de 26 mil sorvetes. 

A Palecolé é uma opção mais barata de franquia de paletas. Criada há dois meses, ela oferece uma versão econômica da loja para cidades com menos de 50 mil habitantes, com lojas a R$ 90 mil. Em cidades acima disso, o investimento em quiosques custa R$ 128 mil, e, em lojas convencionais, R$ 154 mil. 

Franqueado precisa assumir o risco de a moda das paletas passar

Apesar de considerar o negócio de paletas mexicanas consistente e interessante para o clima brasileiro, o coordenador do comitê de alimentação da ABF (Associação Brasileira de Franchising), João Baptista, alerta sobre os riscos de investir em um produto que está na moda.

“Toda atividade que é moda tem o desafio de conseguir o retorno do investimento antes de o modismo passar”, diz. “Quando um franqueado faz um contrato de 60 meses, precisa avaliar se o negócio vai durar todo esse tempo. A pessoa deve estar disposta a assumir esse risco.”

As empresas que conseguirem construir marcas fortes e continuar inovando, porém, podem sobreviver e se estabelecer mo mercado. “Há quatro anos, por exemplo, a moda era o frozen yogurt”, diz Baptista. “A maioria das lojas fechou, mas algumas redes se firmaram.”

Diversificação de sabores e produtos é forma de fugir de armadilhas

A queda nas vendas durante o inverno é outro problema para os fraqueados. "Os empresários precisam ampliar o leque de produtos oferecidos para que as vendas não caiam no inverno e eles tenham regularidade no faturamento", diz a consultora de franquias Cristiane Diniz.

Antes de investir, é importante conversar com as redes e com franqueados para saber qual a disposição das empresas para a inovação de produtos.