IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Apps de Galinha Pintadinha e Cocoricó ajudam empresa a faturar R$ 5 mi

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

17/03/2015 06h00

Produzir aplicativos da Galinha Pintadinha foi o que ajudou uma agência digital a se destacar no mercado e faturar mais. Antes, a Ø1 Digital produzia sites e campanhas publicitárias para empresas na internet. Mas, depois que começou a desenvolver aplicativos infantis para celulares, o negócio encontrou um nicho lucrativo.

Apps das marcas Cocoricó, Patati Patatá, Palavra Cantada e MPBaby também estão no portfólio. “Esse tipo de conteúdo é muito assistido porque a criança gosta de ver várias vezes e em qualquer lugar”, diz o publicitário e sócio Roberto Icizuca, 46. Em 2014, o negócio faturou R$ 5 milhões. O lucro não foi divulgado.

As primeiras incursões no mundo dos aplicativos começaram entre 2008 e 2009, mas o sucesso veio em 2011, com a Galinha Pintadinha. “Testamos vários modelos de apps. Fizemos aplicativo jurídico, de música, esotérico, para empresas, mas o que mais deu certo foi o aplicativo infantil”, afirma Icizuca. 

Até hoje, os aplicativos da Galinha Pintadinha são o produto mais popular da empresa e devem chegar a 10 milhões de downloads neste ano, segundo estima Icizuca. São cinco disponíveis para celulares com sistema operacional iOS, três para Android e um para Windows Phone, com clipes e jogos para as crianças. 

Distribuição do aplicativo é gratis, mas adicionais são pagos

A empresa faz aplicativos no modelo “freemium”, ou seja, o download e parte do conteúdo são grátis, mas há adicionais pagos, que custam de R$ 0,99 a R$ 4,99. É principalmente daí que vem o faturamento do negócio.

Icizuca diz que não cobra pelo desenvolvimento dos aplicativos, que é feito em parceria com os detentores da marca, mas fica com uma participação que varia de 30% a 50% dos resultados.

“Não queremos ser prestadores de serviço. O prestador tem um ganho pontual, mas aquele produto não lhe pertence, mesmo se tiver um resultado imenso no futuro. Queremos construir juntos e dividir os resultados”, declara. A empresa também distribui conteúdo das marcas para serviços de vídeo sob demanda, como Netflix.

A empresa quer dobrar o faturamento de 2014, chegando a R$ 10 milhões em 2015. Para isso, aposta na internacionalização. Desde janeiro, eles possuem um escritório na Argentina e pretendem abrir outro nos EUA ainda neste ano. O empresário diz que é importante distribuir os aplicativos globalmente, e não apenas de forma local, pois a receita do negócio depende do volume.

“Queremos internacionalizar marcas que já temos e trazer marcas internacionais para distribuição global. O grande trabalho é adicionar um componente da cultura local do mercado que se está mirando, por exemplo, usar músicas tradicionais da cultura latina ou americana.”

Modelo de negócio exige equilíbrio para gerar faturamento

Para Felipe Martins, consultor de novas tecnologias e professor do Grupo Impacta Tecnologia, desenvolver aplicativos em parceria com as marcas é um modelo de negócio que gera vantagens para ambos.

“Muitas vezes, há oportunidades no mercado de aplicativos que os detentores das marcas não conseguem enxergar, mas uma empresa de desenvolvimento pode transformá-las em ótimos e lucrativos nichos de mercado. Por outro lado, o mesmo aplicativo, sem o suporte de uma marca já consolidada, talvez não tivesse o mesmo potencial de sucesso”, diz.

Segundo ele, desenvolver um aplicativo simples exige de 50 a 70 horas de trabalho. A hora de trabalho num projeto desse tipo pode custar de R$ 260 a R$ 320. Dessa forma, um aplicativo simples custaria entre R$ 13 mil e R$ 22,4 mil. 

O modelo “freemium” é um dos mais utilizados no mundo dos aplicativos, pois permite que o usuário teste o produto de graça e, se identificar valor, pague por conteúdos e ferramentas extras. No entanto, de acordo com Martins, também há riscos.

“É necessário ter um equilíbrio entre os recursos grátis e pagos. Caso a balança penda para algum dos lados, é possível que o usuário nunca sinta a necessidade de adquirir um recurso pago ou o aplicativo pode não ser útil quando utilizado apenas com os recursos grátis, o que gera insatisfação. Além disso, o retorno acaba não sendo imediato ao download do aplicativo.”