IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

"Tu não serás atingido": lojas faturam com camiseta, pulseira e saia cristã

Michelle Aisenberg

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/05/2016 06h00

A fé, além de mover montanhas, também move a economia e pode ser um bom mote para empreender, como fizeram os amigos publicitários Pedro Hermano, 26, e Gabriel Santacreu, 27. Eles criaram a Salmo, loja virtual de roupas e acessórios com tema cristão, em São Paulo, em novembro de 2015, e afirmam que não estão sentindo os efeitos da crise econômica. 

Outra empresa, a Saia Bella, foi aberta pela contadora Simone Carvalho, 28, em janeiro de 2015, depois de ela ter dificuldade para encontrar lojas de roupas adequadas para frequentar sua igreja .

Atualmente, a empresa tem uma loja física, em Guarulhos (16 km a norte de São Paulo), e formatou o negócio para abrir franquia. A primeira unidade será inaugurada em julho.

Ambas não revelam faturamento nem lucro atuais. No entanto, a Bella espera atingir um faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, em 2016. A Salmo não fala em expectativa de resultado. A Bella Saia investiu R$ 4.000 para abrir o negócio e a Salmo, R$ 350 mil.

Camisetas com frases e artigos com cruz

Hermano e Santacreu, da Salmo, afirmam que perceberam a falta de oferta de produtos com os quais o público religioso se identificasse. Por isso investiram na criação da loja. "Somos uma opção de moda para pessoas que têm fé e querem mostrar isso com estilo", diz Hermano.

"Mas tu não serás atingido" e "Senhor guia meus passos" são algumas das frases encontradas nas camisetas vendidas no site por R$ 59,90. Pulseiras com detalhes de cruz, elo e proteção custam R$ 30. A cada peça vendida, R$ 1 é doado para ONGs ligadas a diferentes religiões.

Apesar de não divulgar faturamento nem lucro, os empresários dizem que as vendas não têm sido afetadas pela instabilidade da economia. "Em momentos difíceis, as pessoas se apegam mais à religião. É aí que entram os nossos produtos", declara Santacreu.

Franquia de saias e blusas até tamanho 52

Carvalho, da Saia Bella, afirma que resolveu entrar em contato com fornecedores e iniciar o negócio, depois de sofrer para conseguir roupas para ela. A empresa vende saias, blusas, vestidos e acessórios dos tamanhos 36 ao 52. As vendas começaram pelo Facebook.

Houve tanta procura, segundo ela, que a empresária e o marido, o gerente administrativo Renan Santos, 27, precisaram deixar o emprego para abrir um e-commerce e tocar o negócio. A formatação para virar franquia começou em outubro do ano passado. A primeira unidade vai começar a operar em julho.

Há dois modelos de negócio: o Personalitté (venda porta a porta) e a Store (loja física). No primeiro, o investimento inicial é de R$ 14,9 mil (inclui capital de giro, taxa de franquia e custo de instalação), o faturamento médio mensal é de R$ 14 mil, o lucro médio mensal é de R$ 2.000 e o retorno do investimento vem a partir de sete meses, segundo a empresa.

No Store, o investimento inicial  é de R$ 94,5 mil (inclui capital de giro, taxa de franquia e custo de instalação), o faturamento médio mensal é de R$ 80 mil, o lucro médio mensal é de R$ 15,3 mil e o retorno do investimento é a partir de dois anos.

Há espaço porque a moda nunca ligou para o setor

Artur Shoiti, consultor de negócios do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), afirma que o público evangélico tem hábitos bastante específicos e que, para lidar com esse mercado, é preciso ter empatia e estar em muita sintonia com os consumidores.

"Não se trata de vender roupas com características específicas. É preciso mergulhar de verdade no universo da religião. Sua missão, visão e valores precisam se refletir na forma de vender, lidar com o público e até como agir diante das falhas, que certamente vão acontecer", declara.

Shoiti também diz que o mercado de vestuário para esse público é muito promissor, já que a indústria da moda nunca focou sua produção nele.

Onde encontrar:

Salmo -  http://www.vistasalmo.com.br
Saia Bella - http://www.saiabella.com

 

Esqueçam o emprego e sejam empreendedores, diz Nobel da paz

Band Entretenimento