Não se firma numa carreira, como o Seu Madruga? Saiba focar no trabalho
"Não tem trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar". A frase é do Seu Madruga, personagem do seriado Chaves, criado por Roberto Gómez Bolaños, que morreu na última sexta-feira (28), vítima de uma parada cardíaca.
Seu Madruga ficou conhecido pela preguiça de trabalhar, mas essa fama pode ser injusta. Ao longo dos anos de seriado, ele desempenhou as mais diversas funções, de carpinteiro a vendedor de churros, de boxeador a fotógrafo. Mesmo assim, sempre faltava dinheiro na hora de pagar o aluguel ao Sr. Barriga.
Talvez o problema do Seu Madruga fosse justamente a falta de foco na carreira. Problema que, segundo a professora Maria da Conceição Uvaldo, psicóloga do Serviço de Orientação Profissional da USP, não atinge apenas os personagens fictícios mexicanos.
"Costumo dizer que o brasileiro não pensa no passo seguinte. Não reflete se gosta ou não do trabalho, o que pode fazer para melhorar a própria situação", afirma.
Ela diz que é muito comum os profissionais pularem de emprego em emprego, buscando melhor remuneração, sem pensar se as mudanças vão realmente auxiliar a carreira.
Se você se identificou com essa descrição, calma, calma, não crie pânico.
Planejamento é a chave
Uma carreira pode não começar de acordo com a sua vontade. "Ninguém escolhe o primeiro emprego. Ele é o que aparece", diz a psicóloga. Por isso, é importante buscar o que gosta à medida que a carreira caminha.
Assim, ela afirma que a palavra-chave é projeto, e o pior inimigo do planejamento é a desinformação.
Buscar informações sobre um cargo pretendido, uma profissão que deseja ou mesmo uma empresa que está contratando, é essencial para saber se é aquilo que deseja.
"Fale com as pessoas. Podem ser amigos, pessoas que admira ou procure orientação profissional. Reflita sobre a carreira. Pense onde quer estar daqui a cinco anos", afirma. "Carreira exige conversa constante, não acontece naturalmente".
Se não gostar da posição que está no momento, leve em conta todos os fatores antes de dar o próximo passo.
Segundo a psicóloga, é necessário descobrir por que não está satisfeito. A insatisfação pode não estar na profissão, mas no local em que está trabalhando. "Pode ser que não goste das mudanças que a empresa enfrentou, da falta de perspectiva de crescimento ou mesmo dos colegas de trabalho".
Bicos podem ser bons
Se a opção é viver de bicos, como o Seu Madruga, isso não é necessariamente ruim. "O Brasil é internacionalmente conhecido pelo seu mercado informal", afirma. "Mas fico surpresa com o dinheiro que uma pessoa que vive de bicos pode ganhar".
Ela diz que há um preconceito com esse tipo de ocupação, por causa da insegurança, mas um trabalhador registrado pode enfrentar problemas parecidos. "Hoje ainda há muita precarização do trabalho, com terceirizações, por exemplo".
"Conheci um marceneiro que era muito bom, mas sempre falava do desejo de fazer uma faculdade e mudar de emprego para ganhar mais", conta.
"Depois de conversar com ele, vi que faltava apenas organização. Pelo medo de perder clientes, ele aceitava todas as demandas e tinha dificuldade em estabelecer prazos de entrega".
Quando ele superou essas dificuldades, passou a render melhor. "Fazer bicos pode ser ótimo, desde que se planeje".
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