Pagar dízimo a si mesmo e cortar restaurante: veja 10 dicas do Sr. Dinheiro
Você já pensou em pagar o dízimo para si mesmo, e fazer suas economias aumentarem sem nem se dar conta disso? Qual o melhor caminho para poupar dinheiro e comprar a casa própria, ou o tão sonhado carro? Como fazer o orçamento doméstico? Existe algum truque para não cair em tentação e parar de gastar dinheiro?
O economista e professor da FGV-RJ Luís Carlos Ewald, também conhecido como Sr. Dinheiro, dá dez dicas simples e bem-humoradas para melhorar a sua vida financeira.
1) Qual a melhor forma de se poupar dinheiro atualmente?
A melhor forma de poupar é pagar o dízimo para nós mesmos. Pense assim: eu sou pastor e tenho uma igreja, a Igreja Financeira dos Juros dos Últimos Dias. Todo mês, quando cai o salário, já retiro 10% do valor e deposito numa caderneta de poupança.
Desse modo, a pessoa vai juntar dinheiro até conseguir investir em algo que dê mais rentabilidade. Caderneta de poupança não é para ficar rico: ninguém fica rico desse jeito. A renda fixa serve para juntar dinheiro.
Quando falamos de quantias pequenas, não acho que faça muita diferença guardar o dinheiro em um CDB, ou fundo, ou no Tesouro Direto. Todas essas alternativas dão mais trabalho do que a caderneta de poupança, que é mais fácil para o pequeno investidor, pois ele não tem que entrar em computador, ele pode mudar de banco na hora em que quiser, todo mundo conhece a regra. Mas, claro, rende uma “merreca”. Para ganhar dinheiro, tem que investir no mercado de ações na hora certa. Não tem outro jeito.
2) E para quem quer comprar a primeira casa, quais as dicas?
A principal é para que se faça uma pesquisa muito grande do preço à vista para pagar o mais barato possível. Se precisar de financiamento, financie pelo menor valor, pelo menor tempo possível. De preferência, não ultrapasse 15 anos de financiamento. Trinta anos de financiamento são um crime, uma armadilha para as pessoas, que vão comprometer boa parte da renda por um período muito grande de tempo.
Mas, se obtiver um financiamento nos moldes do programa do governo Minha Casa, Minha Vida, vale a pena financiar, pois a taxa de juros é subsidiada. Fora esse caso, a dica é esperar para comprar, porque o mercado imobiliário está começando a entrar em crise, e a bolha vai estourar, ou seja, os preços vão cair.
O economista e professor da FGV-RJ Luís Carlos Ewald, também conhecido como Sr. Dinheiro
3) Qual o seu conselho para quem pretende financiar a compra de um carro?
Eu diria para não financiar nada. Diria até que não vale a pena comprar um carro se você percorre menos de 60 km por dia todos os dias em São Paulo, por exemplo. Nesse caso, é melhor andar de táxi.
Em três anos, um automóvel perde 40% do seu valor. Além disso, carro tem custos altos: IPVA, estacionamento, seguro, multa, manutenção, combustível. O pior é a depreciação. Um carro de R$ 25 mil, por exemplo, em três anos vale R$ 10 mil a menos. Some a isso todos os gastos, e veja quanto gastou por dia, ou quanto perdeu por não manter o dinheiro num investimento.
Mas se, ainda assim, quiser comprar o veículo, melhor comprar à vista ou financiar pelo menor tempo possível para pagar menos juros.
4) Qual a melhor escolha na taxa de juros: a pré ou a pós-fixada?
No momento é a pós-fixada, já que a taxa Selic (principal taxa de juros da economia, que norteia todos os contratos) está com tendência de alta.
5) Como fazer um bom orçamento doméstico?
Anotando todas as despesas para ver o que é supérfluo e o que não é, e tratar de gastar menos do que se ganha, poupando pelo menos 10% da renda. Se você gasta muito com cafezinho em padaria, por exemplo, tem que anotar esse custo também. Tem que anotar tudo, para saber por onde seu dinheiro está escapando.
6) Quais as dicas para não gastar demais na hora das compras?
Não levar cartão de crédito, nem cheque, nem carteira de identidade, para não cair na tentação de fazer um financiamento. Vai com uma nota de R$ 100 que ninguém troca. Lembre-se: toda dieta é boa desde que seja feita.
7) Qual é a proporção ideal de salário para economizar?
Dez por cento é uma boa proporção, é um dízimo para nós mesmos. Separe os 10% para poupar assim que cair o salário, para não ter tempo de gastar.
8) Como saber quais são as despesas que podemos cortar?
Tudo o que for supérfluo e que seja passível de cortar ou mudar de fornecedor. Aluguel, prestação de serviços, mensalidade escolar, tudo é passível de mudança. Há escolas que dão grandes descontos para quem paga antecipado, de 20% a 30% do valor.
Só não dá para deixar de comer, de ter gastos com alimentação. Mas dá para deixar de ir a restaurantes, por exemplo.
9) Vale mais a pena morar de aluguel a comprar uma casa?
Sim, principalmente agora que o valor do aluguel está em torno de 0,3% do valor do imóvel. Se for alugar, pechinche bastante. Se a intenção é comprar a casa própria, vá economizando durante esse tempo [enquanto mora no imóvel alugado], junte dinheiro para dar uma boa entrada na casa própria e financiar por menos tempo.
10) Investir em ações é algo muito arriscado ou todos deveriam investir uma parcela do seu patrimônio nesse tipo de investimento para o futuro?
Ações representam empresas, e empresas são as que mais ganham sempre. Se você souber ser um bom empreendedor, você vai ganhar bem. As empresas com ações em Bolsa normalmente são negócios bem administrados. Se quiser investir em ações, peça informações, acompanhe o mercado aos poucos. No momento, está uma maravilha para comprar porque as ações estão em baixa. Esta é a hora de comprar.
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