Esta ação já rendeu 87% no ano, mas pode estar perto do auge; vale a pena?

Dentre as ações que mais valorizaram este ano até o final de agosto, uma chama a atenção: já subiu 87,31% e é a terceira maior alta dentre todas as ações da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, conforme levantamento da TC Economatica. Veja aqui quais foram as maiores altas do Ibovespa este ano.

Só fica atrás da petroleia Dommo (DMMO3), que valorizou 203% e vem passando por um processo de aquisição (a Prisma Capital e suas afiliadas passaram a ser titulares de 56,2% de seu capital social); e da empresa de maquininhas de pagamento Cielo (CIEL3), que já subiu 152,90% no ano.

São os papéis da M.Dias Branco (MDIA3), fabricante de farinha de trigo, massas, biscoitos, bolos e margarinas e dona das marcas Adria, Basilar, Piraquê e Vitarella.

Veja o que está acontecendo com a ação e se vale a pena investir agora.

O que vem fazendo a ação subir tanto? A M. Dias Branco está investindo em expansão: comprou em junho a Jasmine, de arroz e alimentos saudáveis, por R$ 350 milhões, segundo informações que circularam na imprensa. A Jasmine teve um faturamento de R$ 180 milhões ano passado. A expectativa é fechar este ano com uma receita de R$ 200 milhões.

Toda essa estratégia se refletiu nos resultados da empresa: a M. Dias teve lucro líquido de R$ 233,5 milhões no segundo trimestre, 64,1% mais que nos mesmos meses de 2021. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 357,1, soma 113,6% mais alta que o total do segundo trimestre do ano passado.

O mercado ficou tão espantado com os bons resultados que no dia da divulgação (12 de agosto) as ações deram um salto de 29%.

E no mundo, o que impacta no preço da ação? O preço da farinha de trigo subiu 30% no mundo todo nos três primeiros meses do ano. A M. Dias Branco, porém, estava prevenida: a empresa tinha um estoque de farinha de trigo que equivale a seis meses de produção, e isso a protegeu da alta do preço do produto, que nos primeiros três meses do ano subiu 30%.

Além disso, a M.Dias Branco não teve dó de repassar aumentos de preço para o consumidor. A companhia aumentou os preços de seus produtos em 19% na comparação trimestral e em 36% na comparação anual. Com isso, a margem bruta de lucro da fabricante de alimentos chegou a 34,3% no segundo trimestre, 6,5 pontos percentuais na comparação anual.

E, em meio a tudo isso, o preço do trigo virou no segundo trimestre e começou a cair. Nos últimos 30 dias, a baixa já é de mais de 5%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

A ação vai continuar rendendo tanto? Pode ser que sim, mas não mais no mesmo ritmo, analisa o Itaú BBA. Para alguns analistas, ela pode até cair.

A ação já subiu tudo que tinha para crescer depois da publicação dos resultados, diz o BBA - a alta chegou a 30%. Mas, apesar desse bom momento impulsionado pelos resultado e pela queda sequencial dos preços do trigo, os analistas acreditam que não há mais nada no radas que pode aumentar ainda mais o valor das ações. "

Vemos um potencial positivo limitado em nossas estimativas atuais", publicou o banco, em documento para acionistas. O preço alvo é de R$ 47 até o fim de 2023, uma alta de 12,33% em relação ao preço de hoje, R$ 41,84.

A meta média de preço dos analistas para a ação em 12 meses é negativa, caindo para R$ 29,44, desvalorizando 29,71%. A Eleven, por exemplo, estima que o preço vai cair para R$ 35 em 12 meses. A ação hoje custa R$ 42,10.