Por que a família Trajano e o BTG vão colocar R$ 1,25 bi no Magazine Luiza
O Magazine Luiza (MGLU3) deve ter um respiro com o aumento de capital de R$ 1,25 bilhão anunciado neste domingo (28). Isso agradou aos investidores e sendo assim, as ações da empresa respondem positivamente, com alta de 2,4%, chegando a R$ 2,13 por volta das 13h.
A família Trajano - a maior acionista da companhia, com 56% do capital - vai tirar do bolso e colocar na empresa R$ 1 bilhão. Os outros R$ 250 milhões serão aportados pelo banco BTG Pactual. A empresa tem uma dívida bruta de R$ 7,4 bilhões (no terceiro trimestre de 2023).
Um aumento de capital, especialmente quando liderado pelo acionista controlador, pode ser interpretado como uma forma de fortalecer a posição financeira da empresa.
André Vasconcellos, vice-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores
A transação trará mais flexibilidade financeira para investir em iniciativas de crescimento. Foi o que comentou o Goldman Sachs, em documento para o mercado. "Vai reduzir a alavancagem global", publicou o banco americano.
Alavancagem é um termo do mercado para medir o endividamento da empresa. A do Magalu era de 6,3 vezes (projetada pelo JPMorgan para 2024). O Goldman Sachs calculou que essa relação (débito por ebitda) era de 6,2 vezes no terceiro trimestre.
Com o aporte, esse período cai para 5,7 vezes, segundo o JP Morgan. É a mesma estimativa do Goldman Sachs.
Além de diminuir a dívida da empresa, haverá investimentos. O dinheiro arrecadado, segundo o Magalu, também será usado para acelerar o investimento em tecnologia, como o aprimoramento de sua plataforma de marketplace.
O que o aporte muda para o acionista?
Na prática, a família Trajano aumenta sua participação na empresa. Isso significa que a parte dos minoritários perde peso. "Mas não vai representar uma diluição grande dos acionistas minoritários", diz Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed.
A expectativa é positiva. O aporte, segundo ele, mostra que o controlador está querendo comprar mais ações. "Ou seja, ele vê uma oportunidade de valorização das ações pela frente. E ao mesmo tempo, está prevendo que esses investimentos devem gerar frutos, devem gerar resultados para esse ano ou talvez para 2025", analisa o especialista.
Mas tudo vai depender de como se comportar a economia. "O risco para o investidor pode ser as ações continuarem caindo. Há o risco da economia seguir fraca, o setor de varejo continuar difícil e a gente tem o risco de a taxa de juros terminar o ano ainda em dois dígitos, ou seja, continuar muito alta. Isso iria dificultar a vida da companhia" diz Piovesan.
Além disso, há o desconto de mais de 5% no preço por ação no aumento de capital. Isso em comparação com o preço de fechamento anterior. "Esse desconto pode atrair investidores, visto que oferece uma oportunidade de aquisição a um preço mais atrativo", diz Melissa Angelini, diretora de relações com investidores da Procaps Group e membro do conselho de administração do IBRI.
Quais são as recomendações?
O Goldman Sachs, o JP Morgan e também a XP continuam com recomendação neutra. Ou seja, melhor não comprar, nem vender. O preço alvo para a ação do GS é de R$ 2,40 em 12 meses. O da XP é de R$ 2,50. O JP não tem preço alvo para a ação.
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