Investe em Natura? Entenda o prejuízo e como está a relação com Avon
A Natura &Co (NTCO3) divulgou o balanço de resultados de 2023 na madrugada desta terça-feira (11). Segundo a companhia, os resultados financeiros de 2023 refletiram a estratégia que focou em rentabilidade e conversão de caixa, com a integração das marcas Natura e Avon na América Latina e o desinvestimento de ativos non-core (The Body Shop e Aesop) para desalavancar e simplificar a estrutura corporativa.
O que aconteceu
A Natura registrou prejuízo de R$ 2,66 bilhões no quarto trimestre de 2023, o que significa que as perdas triplicaram em relação ao mesmo trimestre de 2022. As vendas da empresa caíram 17,4%, para R$ 6,61 bilhões, no mesmo período, segundo o balanço.
Como está a integração com a Avon
Em coletiva após o anúncio dos resultados, os executivos declararam que não há novidades para anunciar sobre o estudo possível separação das marcas Natura e Avon, anunciado via fato relevante em fevereiro. Muitos elementos estão estudados e analisados, tudo ainda está em um estágio bastante inicial. Por enquanto, o foco é buscar os melhores resultados para as duas marcas, que são os principais ativos da companhia. A Natura manterá o mercado informado à medida que esses estudos evoluírem.
A evolução da sinergia entre Natura e Avon é um dos pontos de destaque para analistas que cobrem a empresa. Georgia Jorge, analista do BB Investimentos, afirma que a integração da Onda dois das duas companhias é uma das preocupações.
A Onda dois fase é de integração de portfólio da Avon ao processo de venda e distribuição da Natura. O processo serve para simplificar a logística, tecnologia e gastos gerais, e vai trazer rentabilidade.
Meu foco é tentar capturar se a integração tem sido bem-sucedida e o quanto essa integração está impulsionando as vendas de ambas as marcas. Vou olhar também o quão sustentável são as margens observadas ao longo de 2023, ocasião em que houve repasse de preço aos produtos. Gostaria de ver uma aceleração das vendas na comparação anual com perspectivas positivas para 2024.
Georgia Jorge, analista do BB Investimentos
A XP Investimentos destacou que os desafios operacionais estão menores. São eles: a reorganização das líderes, atraso nas entregas e o nível de escassez de estoque (com ajustes em andamento). Além disso, o foco em 2024 está voltado para investimentos para marca e tecnologia.
Vamos monitorar a evolução da onda dois da Natura & Co na América Latina, olhando tanto dinâmica de perda de base, combinada produtividade das consultoras, e, obviamente, vendo como está o crescimento de receita, tanto de Natura quanto Avon, assim como a evolução de rentabilidade dessa unidade de negócio, dado que eles têm integrado e buscado eficiências nesse processo.
Danniela Eiger, Head de Varejo da XP
O que mais importa
Recuperação ainda é desafiadora. Análise do BTG Pactual diz que a recuperação é desafiadora e deixa os analistas "conservadores", apesar dos sinais de melhoria. A companhia enfrentou desafios significativos no início do ano passado, com um endividamento alto em meio a um cenário de uma alta taxa de juros. Para ajudar a reduzir sua dívida, ela vendeu a Aesop e a The Body Shop. A companhia ainda lida com os desafios de recuperação da Avon (na América Latina e internacionalmente).
Enquanto damos as boas-vindas aos esforços para simplificar a sua estrutura e melhorar as margens, o ritmo de recuperação permanece incerto (com os números do quarto trimestre ainda afetados pela recuperação na América Latina), levando-nos a manter nossa classificação Neutra.
Gabriel Disselli e Pedro Lima, analistas do BTG Pactual
O ponto positivo é o crescimento da Natura. O Goldman Sachs avalia que os números trouxeram algumas tendências "animadoras", com o crescimento "robusto" de um dígito da marca Natura no Brasil. A instituição também destacou os ganhos gerais de margem decorrentes da otimização do portfólio, aumentos de preços e controle de despesas gerais e administrativas, mas ponderou que os resultados vieram com alto nível de reestruturação e despesas pontuais.
A implementação da Onda dois provavelmente permanecerá no foco dos investidores, já que certos obstáculos operacionais e comerciais estão agora mitigados o em um estágio mais maduro, mas os fatores de risco continuam a existir (por exemplo, deficiências de estoque na Natura Brasil, ajustes no México e no Chile).
Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, analistas do Goldman Sachs
A Natura também anunciou quase R$ 980 milhões em dividendos. São R$ 0,71/ação (4% de yield, ou retorno por ação) que serão pagos em 19 de abril.
As ações foram negociadas a R$ 16,89 ao final do quarto trimestre de 2023, o que representa uma alta de 16% em relação ao trimestre anterior. No pregão desta terça-feira, dia em que os resultados foram divulgados, o papel é negociado a R$ 17,39.
O balanço trouxe três principais conclusões. A primeira delas é que as margens e o caixa continuam a ser prioridades de curto prazo, abrindo caminho para investimentos adicionais em marcas e tecnologia. Depois disso, a alocação de recursos ainda é um fator crítico para a geração de valor no futuro à medida que a companhia prioriza investimentos nos principais mercados em crescimento e projetos.
Deixe seu comentário