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Bradesco compra filial do HSBC no país

03/08/2015 17h44

São Paulo, 3 Ago 2015 (AFP) - O Bradesco informou nesta segunda-feira que adquiriu a filial do banco britânico HSBC no Brasil por 5,18 bilhões de dólares, em um negócio que já era esperado pelo mercado.

Segundo maior banco privado do Brasil, atrás do Itaú, o Bradesco disse que a operação reduz significativamente a brecha que o separa de seu principal concorrente.

"O Bradesco comunica ao mercado, a seus acionistas, seus clientes e funcionários que celebrou o contrato de compra e venda de ações com o HSBC Latin America Holdings Limited para a compra de 100% do capital social do HSBC Bank Brasil S.A.", disse em um comunicado.

A compra inclui o segmento de varejo, seguros e administração de ativos, bem como todas as agências e clientes. Maior banco europeu, o HSBC manterá sua presença no país para as grandes empresas.

"Sempre tivemos uma posição de crescimento orgânico, por nossa própria rede, mas sempre estivemos atentos às possibilidades do mercado. Essa proposta do HSBC significava um ativo único dentro das ofertas que são cada vez mais escassas. Ao mesmo tempo, é um atalho para o crescimento", disse o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em teleconferência.

Com essa operação, o Bradesco passa a somar 5 milhões de clientes, mais de 18 bilhões de dólares em depósitos (cerca de 61 bilhões de reais) e 1.315 agências. Além de afirmar sua liderança no setor privado pela quantidade de clientes, com 23,3% do mercado, o Bradesco passa a ter 13,8% dos depósitos totais e 16% dos ativos.

ConcentraçãoA corrida para comprar a filial do HSBC no Brasil incluiu o Itaú e Santander. O valor de venda estimado originalmente foi entre 3,2 e 4 bilhões de dólares.

"O fato de que o valor do negócio tenha excedido as expectativas indica que houve uma concorrência forte nas ofertas. Isso já era esperado, considerado-se o atual ambiente macroeconômico no Brasil, que torna difícil para os bancos atrair clientes e aumentar sua participação de mercado", disse o economista Francisco Alegrias, da IHS Global Insight.

"Nesse contexto, uma aquisição parece ser o único modo de aumentar a participação", acrescentou o especialista.

Trabuco explicou, por sua vez, que a instituição que ele preside e que, agora administrará 273 bilhões de reais e uma carteira de crédito de 517,8 bilhões, não tem outras compras em vista.

A conclusão da operação está sujeita à aprovação das entidades reguladoras.

CortesApós vários escândalos e resultados financeiros ruins, o HSBC informou no início de junho que cortaria 50.000 postos de trabalho, segundo o plano de reestruturação global que inclui a venda de suas atividades no Brasil e na Turquia.

A venda de sua filial ao Bradesco "constitui uma etapa importante na execução das medidas anunciadas aos acionistas em 9 de junho", declarou o HSBC em comunicado.

A redução em larga escala de efetivos tem o objetivo de centralizar ainda mais a atividade do banco na Ásia, onde tem seu maior potencial de crescimento.

A meta do HSBC, que também quer transferir milhares de empregos para países com mão de obra barata, é reduzir seus gastos em algo em torno de 4,5 e 5 bilhões de dólares antes de 2017.

Entre 1º e 30 de junho, o HSBC obteve um lucro líquido de 9,618 bilhões de dólares, 1,31% a menos do que no mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, o lucro líquido caiu para 3,8%, até 4,359 bilhões de dólares.

dw-nr/lbc/gm/cc/tt