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Investidores de SP apostam que alta dos juros não vai conseguir segurar inflação

Mário Sérgio Lima

21/01/2015 12h06Atualizada em 21/01/2015 17h26

(Bloomberg) -- Os contratos derivativos mostram que o Banco Central do Brasil elevará a taxa básica de juros mais três vezes neste ano. Os negociantes de bonds (títulos) estão apostando que essas medidas não serão suficientes para manter a inflação dentro da meta.

O Comitê de Política Monetária deverá aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual nesta quarta-feira (21), para 12,25%, nível máximo em mais de três anos, e depois subi-la novamente em março e abril, segundo as negociações do mercado de swaps.

Embora o Brasil já tenha elevado suas taxas de juros para o segundo nível mais alto entre os países do Grupo dos 20, uma métrica conhecida como taxa de equilíbrio mostra que a estimativa dos negociantes de bonds é que a inflação anual permanecerá em uma média de 7,28% nos próximos dois anos, acima do teto da faixa-meta do país, que vai de 2,5% a 6,5%.

O conselho do Banco Central, comandado por Alexandre Tombini, está tendo dificuldades para conter a inflação sem prejudicar uma economia que, segundo estimativas dos analistas, no ano passado teve o crescimento mais lento em meia década.

O conselho enfrentará pressão política para reverter o curso se, ao serem fixadas em níveis mais elevados, as taxas ameaçarem tirar a recuperação econômica dos trilhos, especialmente se os cortes nos gastos do governo reduzirem a demanda, segundo Flávio Serrano, economista-sênior do Banco Espírito Santo de Investimento, em São Paulo.

"Eles não têm força para elevar mais de meio ponto", disse Serrano, por telefone. "Os analistas pensam que as taxas deveriam ser mais elevadas do que o BC provavelmente decidirá, razão pela qual eles acreditam que o BC não atingirá a meta até dezembro do ano que vem".

Aperto monetário

A assessoria de imprensa do BC preferiu não comentar a respeito da política monetária e sobre se a política ou o crescimento econômico limitariam as elevações de taxas neste ano. A reunião do conselho de hoje, segundo e último dia, deverá terminar depois das 18h em Brasília.

A inflação superou o teto da faixa-meta por dois meses seguidos em 2014 e o BC começou a restringir o crédito em outubro com uma elevação de 0,25 ponto percentual à taxa. Como a inflação continuou subindo, o Copom dobrou o ritmo dos aumentos na reunião seguinte, realizada em dezembro.

Tombini disse no dia 9 de janeiro que o Copom irá "fazer o que for necessário" para levar a inflação para o centro da faixa-meta até o fim de 2016. A última vez em que a inflação esteve em 4,5% ou menos foi em agosto de 2010 -- quatro meses antes de ele assumir a presidência do BC.

'Atividade lenta'

Os analistas consultados pelo BC previram que a taxa básica de juros fechará 2015 a 12,5%. Depois disso, o Copom irá reduzi-la em um ponto porcentual em 2016, segundo a pesquisa.

"O BC não chegará aos níveis de 13% e 13,5% que os modelos mostram que fariam a inflação desacelerar em um ritmo mais forte", disse Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos DTVM em São Paulo, por telefone. O crescimento econômico lento "é um fator importante" em sua tomada de decisões, disse ele.

Os traders e investidores estudarão as minutas das reuniões do BC para verificar se o conselho sinaliza que a política fiscal contribuirá para uma inflação mais baixa, disse Rosa. Essas minutas deverão ser divulgadas no dia 29 de janeiro, oito dias depois de o Copom anunciar sua decisão a respeito da taxa de juros na noite de hoje.

"Eu estarei muito interessado em saber agora quanta ênfase o BC colocará nas medidas de austeridade fiscal para suas próximas decisões sobre taxa de juros", disse Rosa.