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Gerentes de fundos enfrentam endurecimento de regulamentações para empresas grandes demais para falir

Ben Moshinsky

04/03/2015 16h59

(Bloomberg) - Os maiores gerentes de fundos do mundo enfrentarão normas mais estritas porque regulamentadores internacionais estão impulsionando planos para identificar as empresas "grandes demais para falir" diante da oposição do setor.

O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) e a Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO) disseram hoje que a falência de um gerente de ativos poderia "causar ou amplificar uma importante perturbação no sistema financeiro global". Empresas como a Pacific Investment Management Co., a Fidelity Investments e a BlackRock Inc. tinham contestado aquela premissa em resposta a uma proposta inicial feita no ano passado.

"A proposta revisada constitui um passo importante para enfrentar quaisquer problemas de empresas grandes demais para falir entre entidades que não são nem bancos nem seguradoras", disse o presidente do FSB, Mark Carney, em um comunicado. "A proposta também aumentará o entendimento das autoridades dos riscos para a estabilidade financeira mundial apresentados pelas atividades das entidades nos mercados financeiros".

O FSB já classifica bancos e seguradoras conforme seu potencial de causar um colapso mundial. Para credores liderados pelo HSBC Holdings Plc e o JPMorgan Chase Co., a designação de banco com importância sistêmica global acarretou maiores requerimentos de capital e um escrutínio mais estrito, no intuito de torná-los mais resistentes a crises. O ente regulador ainda não anunciou as implicações para gerentes de fundos.

A Pimco e a BlackRock disseram no ano passado em resposta à primeira proposta feita pelo FSB que os gestores de ativos não apresentam nenhum risco sistêmico. Eles não garantem o desempenho dos fundos que administram, disse a Pimco.

Réplica

O FSB, que reúne reguladores e banqueiros centrais do G20, replicou hoje que um gerente de ativos "que enfrente dificuldades ou uma falência forçada poderia, em certas circunstâncias, ter potencial para causar ou amplificar uma importante perturbação no sistema financeiro global e na atividade econômica em várias jurisdições".

Na sua proposta do ano passado, o FSB disse que os fundos de investimentos com mais de US$ 100 bilhões em ativos deveriam ser avaliados a fim de determinar se são grandes demais para falirem.

A proposta revisada retém os limiares de tamanho. Por exemplo, hedge funds e empresas de private equity com exposições superiores a US$ 400 bilhões agora iriam automaticamente para uma lista preliminar de empresas com importância sistêmica.

Depois, os supervisores realizarão uma avaliação mais detalhada dos administradores de fundos e ativos com base em critérios como a utilização de alavancagem, seu grau de interconexão com o sistema financeiro geral e seu espalhamento geográfico, antes de compilar uma lista de empresas grandes demais para falir, que seria publicada e atualizada anualmente.

Entre as respostas específicas dos gerentes de fundos às propostas do ano passado esteve o fato de que o tamanho não é um critério apropriado de medição do risco sistêmico, sendo a alavancagem uma medida mais precisa. Eles também disseram que as autoridades deveriam se focar em regulamentar as atividades particulares que sejam causa de preocupação em vez de almejar empresas ou fundos específicos.

'Abordagem errada'

Focar-se nos gerentes de ativos também constituiria "a abordagem errada", disse a empresa. Eles "são muito menos suscetíveis a dificuldades financeiras do que bancos, corretores de valores ou seguradoras".

Carney, que também é presidente do Banco da Inglaterra, disse neste ano que a campanha para enfrentar o problema das entidades grandes demais para falir deveria abranger "seguradoras, empresas financeiras, intermediários do mercado, fundos de investimentos e a infraestrutura essencial do mercado".

Os ativos do setor mundial de gestão de fundos cresceram 13 por cento em 2013, para US$ 146 trilhões, segundo dados da TheCityUK, que promove a City de Londres. Até 80 por cento dos ativos fora dos setores bancário e de seguros estão nas mãos desse tipo de empresas financeiras, de corretores de valores ou de fundos de investimento, segundo o FSB

Título em inglês: 'Fund Managers Face Tougher Regulation on Too-Big-to-Fail Firms'

Para entrar em contato com o repórter:

Ben Moshinsky, em Londres, bmoshinsky@bloomberg.net