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Espanha pressiona UE a eliminar barreiras para fusões de bancos de varejo

Esteban Duarte e Charles Penty

26/03/2015 16h40

(Bloomberg) -- A Espanha, país do maior banco da zona do euro, está pressionando a União Europeia a remover obstáculos para fusões internacionais de bancos de varejo.

A Comissão Europeia deveria impedir que os órgãos reguladores nacionais utilizassem poderes discricionários para dificultar combinações que reforçam os laços financeiros entre estados-membros europeus, disse Álvaro Nadal, chefe do Escritório Econômico do primeiro-ministro Mariano Rajoy, em entrevista nesta semana.

"Um dos problemas na união monetária é a ausência de compartilhamento de risco no sistema", disse Nadal. "Imagine que se metade das hipotecas espanholas tivessem sido fornecidas por bancos alemães a crise teria sido muito diferente".

O setor de bancos de varejo da Europa deverá seguir o caminho da indústria de telecomunicações, que viu uma onda de consolidação desde que a atuação da UE facilitou os negócios, disse Nadal. Isso tornaria o sistema financeiro do bloco mais resistente a choques como o colapso imobiliário que forçou a Espanha a buscar um resgate para o sistema bancário em 2012.

Nadal disse que quer ver as medidas para promover fusões bancárias internacionais incluídas nos planos de reforço do sistema financeiro do euro que estão sendo desenvolvidos pelos chamados quatro presidentes -- os chefes da UE, da Comissão, do Banco Central Europeu e do grupo de ministros da Economia.

A Espanha ainda precisa vender sua participação majoritária no Bankia SA, banco com mais de 230 bilhões de euros (US$ 253 bilhões) em ativos, que foi resgatado com fundos europeus em 2012. O Bankia saneou suas finanças vendendo ativos imobiliários com incumprimento para o chamado banco ruim da Espanha e recebeu mais de 22 bilhões de euros em ajuda estatal.

Critério nacional

Embora as regras bancárias europeias já estejam harmonizadas em termos gerais, os órgãos reguladores nacionais ainda possuem critérios a respeito da aplicação dessas regras, disse Ricardo Wehrhahn, sócio-gerente da Intral Strategy Execution, uma consultoria bancária e comercial, em Madri.

"Dentro das margens da lei, uma reguladora pode tornar sua vida mais difícil", disse Wehrhahn, que analisou possíveis alvos na Espanha para os bancos alemães. "Os mercados bancários francês, alemão e italiano são particularmente difíceis de penetrar".

O Banco Santander SA, maior banco da zona do euro em valor de mercado, apresentou uma das sete ofertas não vinculantes pelo Novo Banco SA, banco estatal de Portugal.

O Banco Central Europeu assumiu a supervisão dos 120 maiores bancos da zona do euro em novembro, na maior expansão de sua abrangência desde a criação do euro. Além disso, o Fundo Único de Resolução planeja contratar 120 profissionais neste ano e está se preparando para liderar processos de liquidação e reestruturação de bancos falidos na região.

"Muito esforço foi feito para reestruturar o sistema bancário e também estamos vendo melhorias nos mercados europeus de dívida", disse Nadal. "Agora deveríamos estar pensando na necessidade de uma maior integração dos bancos de varejo".

Título em inglês: Spain Urges EU to Clear Away Barriers to Retail Banking Mergers

Para entrar em contato com os repórteres: Esteban Duarte, em Madri, eduarterubia@bloomberg.net; Charles Penty, em Madri, cpenty@bloomberg.net.