IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Argentina planeja vender até US$ 15 bilhões em títulos, dizem fontes

Katia Porzecanski, Lyubov Pronina e Leo Laikola

18/04/2016 15h38

(Bloomberg) -- A Argentina planeja vender até US$ 15 bilhões em títulos em seu retorno aos mercados de títulos globais, após mais de uma década de isolamento. O país prepara o palco para a maior venda soberana de mercados emergentes desde pelo menos 1999.

O país está oferecendo papéis com vencimento em três, cinco, 10 e 30 anos, de acordo com pessoas com conhecimento da situação, que pediram para não ser identificadas porque a colocação é privada. O governo espera vender os papéis com taxas próximas de 6,75%, no caso dos títulos de três anos, e de 8%, no caso dos papéis de 10 anos. Os títulos de cinco anos provavelmente vão render 0,5 ponto percentual a menos do que os títulos de 10 anos. Já os bônus com vencimento em 30 anos devem pagar 0,85 ponto percentual a mais do que os títulos de 10 anos, segundo as fontes.

A colocação, planejada para amanhã, vai marcar o fim da posição de pária da Argentina entre os investidores internacionais, após a moratória de US$ 95 bilhões em 2001, que foi a maior já declarada até então. O país evitou acessar os mercados globais de títulos enquanto brigava nos tribunais com credores que não participaram dos acordos de reestruturação da dívida, os chamados holdouts. Esses credores, liderados pela Elliott Management, do bilionário Paul Singer, vão ser pagos com o dinheiro levantado na operação. Os recursos que sobrarem serão usados para fins gerais no governo.

"Eles vão encontrar bom apetite do mercado", disse Giuliano Palumbo, gestor de recursos da Arca SGR, em Milão. "Comparado com seus pares, a projeção da Argentina é bem generosa."

O secretário da Fazenda, Luis Caputo, e outras autoridades viajaram na semana passada aos EUA e Reino Unido para encontros com dezenas de investidores de hedge funds, fundos mútuos, seguradoras e fundos de pensão.

A Argentina veio com "uma equipe de muita credibilidade, que fez muita coisa em pouco tempo", disse Jim Craige, um gestor de recursos da Stone Harbor Investment Partners, que participou do roadshow. "Esperamos que isso incentive uma cultura de profissionalismo e gestão fiscal prudente em governos futuros, mesmo muito depois de Caputo e equipe deixarem do setor público."

O ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, descreveu na semana passada o interesse pelos títulos como "impressionante". O país pretende pagar os holdouts até o fim desta semana, ele afirmou. Caputo disse a repórteres que aproximadamente US$ 10,5 bilhões serão usados para pagar esses credores.

A expectativa é que os papéis recebam nota seis níveis abaixo da classificação mais baixa de grau de investimento pela Moody's. Deutsche Bank, HSBC, JPMorgan Chase e Banco Santander são os coordenadores globais da oferta. Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, Citigroup e UBS Group serão também coordenadores.