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Servidores buscam Congresso para tentar avançar em negociações com governo

Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público pediu reuniões com Paulo Guedes e Arthur Lira. - Getty Images
Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público pediu reuniões com Paulo Guedes e Arthur Lira. Imagem: Getty Images

Thaís Barcellos

Estadão Conteúdo, Brasília

06/05/2022 14h13

Em busca de recompor as perdas salariais dos últimos anos, os servidores federais também recorrem ao Legislativo para tentar avançar em negociações com o governo. Na quinta-feira, o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), enviou ofícios pedindo reuniões com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do movimento do funcionalismo público.

"Estamos iniciando esse debate para envolver o Poder Legislativo, para que faça essa mediação", disse o deputado ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Segundo o deputado, diversas categorias procuraram seu gabinete para pedir ajuda nas tratativas com o governo, dentre elas as representadas pelo Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).

O presidente da Fonacate, Rudinei Marques, afirmou que as conversas com o deputado sobre a campanha salarial têm ocorrido semanalmente. "E agora estamos na reta final, em que as coisas vão se resolver em três semanas", disse, explicando que o governo precisaria enviar as matérias com o reajuste ao Congresso com alguma antecedência antes do prazo final de julho para dar tempo de votar. "O presidente da Câmara terá um papel importante, porque o PLN e MP precisam estar aprovados e produzir efeitos financeiros até 2 de julho", completou.

Mas Marques pondera que o apoio dos parlamentares, por ora, não está produzindo muito resultado para as categorias, considerando que a decisão está centrada na figura do presidente da República e que o governo é "autoritário" e "se orgulha em dizer que não negocia com servidores".

Na virada do ano, servidores, sobretudo da elite do funcionalismo, iniciaram uma mobilização em defesa de pautas salariais, após anos de congelamento dos vencimentos e em meio a uma inflação crescente. O movimento ganhou força após o presidente Jair Bolsonaro sinalizar benefícios para as carreiras policiais, com reserva no Orçamento de 2022 de R$ 1,7 bilhão. Mais recentemente, o governo indicou um reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo, mas os sindicatos consideram insuficiente diante de uma inflação que bate quase 20% nos últimos três anos.

Uma das categorias mais mobilizadas é a de servidores do Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal), Fábio Faiad, a entidade procurou o deputado professor Israel Batista como uma nova estratégia para tentar avançar nas negociações com o governo. Os servidores do BC querem recomposição salarial de 27% e reestruturação de carreira.

A categoria chegou a dar uma trégua na greve, iniciada em 1º de abril, como um "voto de confiança" ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, mas retomou o movimento na terça, 3 de maio, sem avanços na negociação com o Executivo.

"O governo está intransigente e não quer abrir negociações. Na negociação, poderíamos buscar alternativas para superar o impasse e as dificuldades econômicas", diz Faiad.

Segundo o deputado professor Israel, os salários têm forte perda inflacionária, e a ausência de política salarial para os servidores cria uma assimetria entre o funcionalismo que é prejudicial para o serviço público. Para o deputado, há uma tentativa do governo em "vilanizar" o servidor, sem discutir o lucro recorde de alguns setores, a eficiência de desonerações ou a regressividade da tributação no País.

"Os pesos da crise econômica caem de maneira desigual sobre a sociedade. Há um aumento da pobreza e das pessoas desabrigadas. Mas também há um empenho de colocar no ombro do servidor todo esse peso", considerou o deputado.