Rombo das contas externas no 1º trimestre é o maior desde 1970
O rombo nas contas externas do Brasil atingiu US$ 25,186 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o maior da série histórica do Banco Central, que teve início em 1970. Antes, o maior rombo nas contas externas tinha sido registrado no primeiro trimestre de 2013: US$ 24,704 bilhões.
Isso representa a diferença entre o que o Brasil compra de outros países e o que vende para o exterior, tanto em produtos como em serviços. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (25).
Para o ano, a previsão do BC é de conta negativa em US$ 80 bilhões.
Somente em março, a diferença entre o que o Brasil compra de outros países e o que vende para o exterior ficou negativa em US$ 6,248 bilhões. A previsão do BC para março era de saldo negativo de US$ 5,8 bilhões.
No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, o saldo negativo nas transações com o exterior soma US$ 81,556 bilhões, o equivalente a 3,64% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pela autoridade monetária para o período. Houve uma pequena melhora em relação aos 12 meses terminados em fevereiro (-US$ 82,126 bilhões).
O que são transações correntes
A conta corrente é formada por três itens: balança comercial, conta de serviços e transferências.
A balança comercial é a diferença entre exportações e importações. As transferências consideram os recursos enviados por brasileiros que moram no exterior.
A conta de serviços e rendas une fluxos de entradas nas diversas modalidades de empréstimos externos e de saídas para o pagamento de juros, remessas de lucros e de serviços em geral (como viagens e transportes).
Investimentos diretos
Os investimentos estrangeiros diretos (IED) não foram suficientes para financiar o rombo das contas externas no mês. O Brasil recebeu US$ 4,995 bilhões em IED em março.
No acumulado de três meses, o ingresso líquido desse tipo de capital somou US$ 14,171 bilhões, o que também não foi suficiente para cobrir todo o déficit do país em transações correntes com o exterior.
Para o ano, a estimativa de IED é de US$ 63 bilhões, o que também não financiaria os US$ 80 bilhões de deficit em conta corrente estimados pela autoridade monetária.
Em relação a março de 2013, quando foi de US$ 5,739 bilhões, o fluxo de IED caiu. Mas os ingressos aumentaram na comparação com os primeiros três meses do ano passado (US$ 13,256 bilhões).
Além do valor destinado à participação no capital de empresas no Brasil, também são classificados como investimentos diretos os empréstimos concedidos por matrizes de empresas multinacionais a suas filiais no país e vice-versa. Essa parte do IED, que são os empréstimos intercompanhias, respondeu por ingressos líquidos de US$ 1,360 bilhão em março (ante US$ 3,024 bilhão no mesmo mês de 2013) e de US$ 3,740 bilhões desde o início do ano, segundo o BC.
O investimento direto propriamente dito (participação no capital), portanto, foi de US$ 3,635 bilhões no mês e de US$ 10,431 bilhões no acumulado do ano.
(Com Reuters e Valor)
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