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Contas externas do Brasil ficam negativas em US$ 6,63 bi, recorde para maio

Do UOL, em São Paulo

24/06/2014 10h48Atualizada em 24/06/2014 15h12

A diferença entre as transações do Brasil com outro países países ficou negativa em US$ 6,635 bilhões em maio, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (24). A diferença, que inclui tanto produtos quanto serviços, é chamada de conta de transações correntes. 

É o pior resultado para o mês desde o início da série histórica do BC, em 1980. O resultado também veio pior do que o expectativa do BC, que era de US$ 6 bilhões.

No mês passado, o resultado tinha sido negativo em US$ 8,3 bilhões. Em maio do ano passado, o deficit tinha somado US$ 6,356 bilhões.

Com mais esse resultado negativo, o rombo das contas externas já soma US$ 40,074 bilhões de janeiro a maio.

No acumulado em 12 meses encerrados em maio, o resultado negativo soma US$ 81,854 bilhões, ou 3,61% do PIB (Produto Interno Bruto) estimado pela autoridade monetária para o período.

Balanço de pagamentos como um todo está positivo

Esses resultados negativos foram registrados só numa das facetas do chamado balanço de pagamentos (as transações correntes). Se forem considerados todos os demais itens, o balanço ficou positivo em US$ 8,274 bilhões.

Entre os itens que fazem o balanço ficar no azul, estão os investimentos estrangeiros -em empresas ou em em aplicações financeiras.

O balanço de pagamentos não pode ser confundido com a balança comercial. O balanço inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras. Ele se divide em duas partes: transações correntes e conta de capital.

As transações correntes incluem a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).

A conta de capital e financeira é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (a criação ou ampliação de uma fábrica, por exemplo) e empréstimos concedidos ao Brasil.

O resultado entre as transações correntes e a conta de capital é que mostra se o balanço de pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem (quantidade de dólares em poder do governo).

BC mantém previsão para resultado no ano

O BC manteve sua projeção de resultado negativo nas contas externas para este ano em US$ 80 bilhões, o que representa 3,47% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, o deficit foi de US$ 81,075 bilhões, equivalente a 3,64% do PIB e o pior resultado desde 2001.

O BC manteve a expectativa para o Investimento Estrangeiro Direto (IED) em US$ 63 bilhões.

Para a balança comercial, o BC reduziu a perspectiva de saldo positivo, dos US$ 8 bilhões previstos anteriormente para US$ 5 bilhões.

Para a remessa de lucros e dividendos, a projeção para 2014 também foi reduzida para US$ 26 bilhões, US$ 1 bilhão a menos do que a estimativa anterior.

Balança comercial tem menor resultado para maio desde 2002

O resultado das contas externas brasileiras em maio se deve ao resultado fraco da balança comercial, de US$ 712 milhões, menor valor para esses meses desde 2002.

Também continuou pesando a remessa de lucros e dividendos ao exterior, que somou US$ 2,356 bilhões em maio, bem próximo ao montante de US$ 2,363 bilhões em igual mês do ano passado, informou o BC.

Os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 5,963 bilhões.  

(Com Reuters e Valor)