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Boeing e Embraer abrem centro de pesquisa sobre biocombustíveis para aviões

Donna Hrinak, presidente da Boeing Brasil, na inauguração de centro de pesquisas - Divulgação/Embraer
Donna Hrinak, presidente da Boeing Brasil, na inauguração de centro de pesquisas Imagem: Divulgação/Embraer

Mariana Bomfim

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

14/01/2015 13h47Atualizada em 10/04/2015 12h28

A fabricante norte-americana de aeronaves Boeing e a brasileira Embraer inauguraram nesta quarta-feira (14), no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), um centro de pesquisas sobre biocombustíveis para aviação.

O objetivo desse centro é coordenar e financiar pesquisas de universidades e outras instituições brasileiras para desenvolver novos biocombustíveis.

A Boeing e a Embraer não informaram quanto foi investido na instalação do centro, e afirmaram que já há parcerias sendo negociadas com universidades brasileiras.

Segundo o vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Mauro Kern, o centro já tem projetos de pesquisa de biocombustíveis a partir de diferentes matérias-primas, como cana-de-açúcar, óleo de cozinha usado, pinho-manso e palha de cana.

“O Brasil mostrou que tem potencial e já é referência na indústria de energia limpa, tendo criado as muito bem-sucedidas indústrias de etanol e de biodiesel”, disse Kern.

Gol faz rota Recife-Noronha com 10% de biocombustível

No Brasil, a companhia aérea Gol é a única com rota fixa (Recife-Fernando de Noronha) feita com biocombustível, de cana-de açúcar. Segundo a empresea, as emissões nessa rota diminuíram 30%. As aeronaves utilizam 10% de biocombustível e 90% de querosene.

O mesmo avião pode usar combustível tanto fóssil quanto de biomassa, sem que seja necessário adaptar o motor. Assim, uma aeronave pode abastecer em diferentes países com biocombustíveis de origem variada.

Estudos mostram que biocombustíveis sustentáveis para a aviação emitem uma quantidade menor de carbono, de 50% a 80% inferior, ao longo de seu ciclo de vida do que o combustível de aviação fóssil. 

Desde 2011, quando o uso desse tipo de combustível foi aprovado, já foram realizados mais de 1.600 voos no mundo com ele.

Fabricantes de aviões, companhias aéreas e produtoras de combustível apostam que, até 2016, outras rotas comerciais passem a adotar biocombustíveis, e que o Brasil, assim, se torne o primeiro país a explorar opções menos poluentes em grande escala.

Indústria firmou compromisso de reduzir emissões de poluentes

"A indústria da aviação gera só 2% das emissões de carbono do planeta, mas ela cresce 5% por ano. Temos a responsabilidade de assegurar que esse crescimento será bom para o meio ambiente", disse a presidente da Boeing no Brasil e na América Latina, Donna Hrinak.

A executiva citou um compromisso firmado pela Iata (sigla, em inglês, para a associação internacional de transportes aéreos) que determina a estabilização das emissões de dióxido de carbono pelo setor aéreo na atmosfera até 2020. Até 2050, a meta é reduzir as emissões em 50%, tomando como base as emissões de 2005.

Uma das principais maneiras de reduzir as emissões é trocar parte do querosene, combustível de origem fóssil, por biocombustível.

A inauguração do centro de pesquisa da Embraer com a Boeing acontece após a publicação, em 2014, de um estudo feito pelas duas juntamente com Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sobre os desafios da indústria de biocombustíveis para aviação.