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Juros sobem pela 5ª vez, vão a 13,25% e são os maiores em mais de 6 anos

Do UOL, em São Paulo

29/04/2015 19h47Atualizada em 29/04/2015 21h48

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 13,25% ao ano. São os maiores juros em 6 anos e 4 meses, desde dezembro de 2008, quando a taxa estava em 13,75%. A decisão foi unânime.

É o quinto aumento seguido da Selic: houve altas também nas quatro reuniões anteriores do BC, em outubro (foi para 11,25%), dezembro (11,75%), janeiro (12,25%) e março (12,75%).

O Copom registrou em comunicado que a decisão foi tomada avaliando a economia e a inflação. "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 13,25% ao ano, sem viés", diz a nota.

Segundo analistas, com juros altos, investimentos como Tesouro Direto e fundos ficam mais vantajosos que a poupança.

O novo governo de Dilma Rousseff (PT) vem adotando medidas impopulares, como aumento de impostos e juros e cortes de despesas, com o objetivo de acertar as contas federais.

Na segunda-feira (27), a Caixa Econômica Federal reduziu de 80% para 50% o valor máximo do financiamento dos imóveis usados de até R$ 750 mil.

Em janeiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou quatro medidas aumentando tributos em combustíveis, operações de crédito, cosméticos e importação.

Depois, foram feitos novos cortes em incentivos, para o governo gastar menos e arrecadar mais. Caiu o desconto para empresas contratarem com carteira assinada, e a Caixa suspendeu financiamento especial do Programa Minha Casa Melhor, por exemplo. Além disso, a conta de luz subiu em média 23,4% no país.

O ministro Levy disse que os descontos, adotados no primeiro governo Dilma, tinham sido uma "brincadeira cara".

Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação

Uma das maiores críticas a Dilma tem sido a economia, incluindo a inflação em alta. Os juros são usados, entre outras coisas, para tentar controlar a inflação. O governo tenta recuperar confiança do mercado.

A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Em março, a taxa média de juros no cheque especial foi de 220,4%, o maior nível em quase 20 anos, segundo o Banco Central. 

De acordo com o Procon-SP, a taxa média de juros do cheque especial em abril subiu para 10,9% (em março, havia sido de 10,55%).

Os juros do cartão de crédito chegaram a 290,43% ao ano, conforme dados de março, divulgados pela Anefac (associação de executivos de finanças).

A inflação oficial em março foi de 1,32%, recorde em 20 anos, A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

Além de inflação, o país teve um crescimento muito pequeno em 2014. Segundo o IBGE, a economia brasileira, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto), fechou o ano com leve alta de 0,1%. Foi o pior resultado para a economia desde a queda de 0,2% em 2009, auge da crise crise econômica mundial.

Poupança continua rendendo igual

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. 

Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com Reuters)