Agência rebaixa empresas e bancos; Petrobras perde grau de investimento
Um dia após rebaixar o Brasil, a agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) cortou a nota de várias empresas e instituições financeiras brasileiras, nesta quinta-feira (10). Petrobras e Eletrobras, por exemplo, perderam o grau de investimento.
A nota da Petrobras em moeda estrangeira foi cortada em dois degraus, de "BBB-" para "BB", com perspectiva negativa --o que significa possível novo corte em breve. A agência diz que vê grande chance de o governo ter que ajudar as duas estatais.
Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal e Santander Brasil tiveram a nota de longo prazo reduzida de "BBB-" para "BB+", também perdendo o grau de investimento. E mais: com perspectiva negativa, ou seja, a nota pode cair novamente no curto prazo.
Também perderam o grau de investimento companhias como Comgas, Neoenergia, CCR, Arteris e Ecorodovias.
Perder o grau de investimento significa que a empresa deixou de ser considerada uma boa pagadora, um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro. Isso deve aprofundar a dificuldade dessas companhias para conseguir financiamentos.
Ambev, Globo, Multiplan, Ultrapar e Grupo Votorantim tiveram a nota cortada em um degrau, mas continuaram com o grau de investimento. A perspectiva, porém, é negativa.
Vejas as empresas que perderam o grau de investimento
- Companhia de Gás de São Paulo (Comgas)
- Companhia Energética do Ceará (Coelce)
- Elektro Eletricidade e Serviços S.A. (Elektro)
- Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras)
- Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (TAESA)
- Neoenergia S.A.
- Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba)
- Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern)
- Companhia Energética de Pernambuco (Ceslpe)
- Itaipu Binacional
- Atlantia Bertin Concessões S.A. (AB Concessões)
- Rodovia das Colinas S.A.
- Triângulo do Sol Auto-Estradas S.A.
- Arteris S.A.
- Autopista Planalto Sul S/A.
- CCR S.A.
- Autoban - Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes S.A.
- Concessionária da Rodovia Presidente Dutra S.A.
- Rodonorte Concessionária de Rodovias Integradas S.A.
- Ecorodovias Concessões e Serviços S.A.
- Concessionária Ecovias dos Imigrantes S.A.
- Santos Brasil Participações S.A.
- Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras)
- Samarco Mineração S.A.
- Bradesco
- Itaú Unibanco
- Banco do Brasil
- BNDES
- Caixa Econômica Federal
- Santander Brasil
País perde selo de bom pagador
Ontem, a S&P cortou a nota do Brasil de "BBB-" para "BB+". Com isso, o país deixou de ser considerado um bom pagador, um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro.
Além de retirar do Brasil o grau de investimento, a S&P sinalizou que a situação pode piorar ainda mais, ao manter a perspectiva negativa para a nota brasileira.
"Os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam a crescer, pesando sobre a habilidade do governo e a disposição de enviar um orçamento de 2016 ao Congresso consistente com uma significativa política corretiva sinalizada durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma", segundo a S&P.
A S&P foi a primeira das três principais agências de classificação de risco a conceder ao Brasil o selo de bom pagador, em abril de 2008, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, é a primeira a colocar o Brasil de volta ao grau especulativo.
O país ainda mantém o grau de investimento de acordo com as outras duas principais agências: Fitch e Moody's.
Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores
Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.
O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.
Agências de risco falharam na crise
As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.
Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.
Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
(Com Reuters)
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